22 de dezembro de 2009

MUSICANDO


Eu e a música temos uma relação bastante transparente. Ela sabe que eu não vivo sem ela. E eu sei que, apesar de ser dependente dela, detenho todo o poder de escolha. Com o passar dos anos e da convivência, eu percebi que consigo fazer qualquer coisa enquanto escuto música. Isso inclui assistir filmes/TV, estudar, ler um livro, conversar... e até coisas que requerem um absurdo de atenção, como cozinhar (e eu sou um monstro desprezível na cozinha).

A música evoluiu fantasticamente na minha vida. Antes, eu morava em um interior (do Maranhão) onde eu só tinha acesso a 3 estilos musicais: forró, brega e reggae de má qualidade. Aos poucos, entrariam o axé, o samba e o pagode na lista. Eu, obviamente, detestava a condição, até porque esses estilos musicais não diziam o que eu gostaria de ouvir. Mas aí o meu querido irmão me apresentou o rock nacional, o rock internacional, o pop e aos poucos a música eletrônica, e aí sim eu encontrei muita coisa legal, no início tudo bem "mainstream" (ou seja, aquilo que vende muito e geralmente é o gosto da maioria). Mas aí aos poucos eu pude escolher o que eu queria escutar e o momento certo pra cada música. Foi a minha liberdade musical, alavancada pela internet e pelos bancos de músicas. Hoje digo, sem dúvida alguma, que o meu gosto musical reflete muito de quem sou e é totalmente influenciado pelo que as pessoas que eu amo escutam.

É completamente injusto criar um top 5 de músicas porque elas iriam refletir o momento e não o todo. Então pra tentar ficar mais justo, vou criar o top 5 de 5 momentos específicos, onde a música diz exatamente aquilo que minha alma grita em silêncio:

TOP 5: TENSÃO
1- Sunday bloody sunday (U2)
2- Anna's song (Silver Chair)
3- Ignoring U (Pitty)
4- How you remind me (Nickelback)
5- Time of your life (Green Day)

TOP 5: ALEGRIA
1- Paparazzi (Lady GaGa)
2- I gotta a feeling (Black Eyed Peas)
3- If I had you (Adam Lambert)
4- Stereo Love (Edward Maya Ft. Alicia)
5- That's what you get (Paramore)

TOP 5: TRISTEZA
1- That I would be good (Alanis Morisette)
2- Clocks (Coldplay)
3- Je Saigne Encore (Kyo)
4- Kriptonita (Ludov)
5- Speechless (Lady GaGa)

TOP 5: CALMA E REENCONTRO
1- Bittersweet symphony (The Verve)
2- Equalize (Pitty)
3- Breath no more (Evanescence)
4- Undisclosed desires (Muse)
5- Enjoy the silence (Lacuna Coil)

TOP 5: FÚRIA
1- Sober (P!nk)
2- I'm so sick (Flyleaf)
3- Água contida (Pitty)
4- Don't bother (Shakira)
5- A little piece of heaven (Avenged Sevenfold)

Dá pra ver nitidamente que o meu gosto musical se transformou numa coisa totalmente complicada de se entender, uma mistureba total que eu valorizo bastante e que eu pretendo que ninguém entenda, só aceite que é o meu gosto e ponto.

Em outros posts eu detalho melhor os meus maiores amores musicais e o motivo deles, mas até lá, convido você a conhecer um pouquinho do que eu ouço.

[...]

OBS: desculpem o atraso Jay e Alê, tive um bloqueio criativo e o post não queria sair. Pra falar a verdade, nem gostei tanto do post, mas quero cumprir a promessa! Abração...

OBS2: Dia 23 vai ter um post reflexivo de Natal. Peço a ajuda de vocês pra melhorar o texto o máximo possível. Motivo: ele será o "discurso de Natal" antes da ceia da minha família. Por favor, contribuam com o próximo post!

15 de dezembro de 2009

STAIRWAYS TO HEAVEN


A grande diferença entre agüentar e enfrentar uma situação é a velocidade do processo.

Agüentar é como tomar pílulas de dor: você experimenta a amargura, o ódio, o ressentimento e a dor em pequenas porções, em doses suportáveis. Isso permite que você se distraia com outras coisas e esqueça temporariamente o terrível gosto da situação que se está tolerando. Pelo menos até a hora próxima dose, que geralmente chega de surpresa.

Enfrentar é uma opção menos atraente, mas é muito mais valente. Enfrentar é como beber um copo cheio fel liquefeito. É se obrigar a sentir o gosto total da amargura, do ódio, do ressentimento e da dor, tudo de uma vez, sem pausas, sem distrações, sem alívio temporário. E atente para um detalhe: o tamanho do copo não é nada pequeno, mas a vantagem dessa atitude é saber que não vai haver um “próximo copo” para a mesma situação.

Agüentar é o meio mais fácil, mas tem graves efeitos colaterais. Enfrentar é o meio mais rápido e no máximo causa uma indigestão passageira, no dia seguinte, já está tudo bem.

Eu escolhi agüentar, mas acabei sendo coagido a enfrentar. E o “dia seguinte” já chegou. Ontem eu adormeci bem cedo, muito antes do nascer do sol. Hoje acordei cedo também, bem antes do sol de por. Tomei um café da manhã, coisa que não fazia há muito tempo. E almocei às 12:30, bem diferente do meu antigo “horário normal”, entre 18:00 e 19:00. Não senti nenhum pesar ao acordar, não tive vontade de ouvir músicas tristes, não passei fome e nem sede, não me entreguei à preguiça, não ignorei minha vaidade nem minha higiene. Hoje eu senti saudades, eu liguei pra dizer “mãe, te amo!”, eu fui altruísta e menos egoísta, eu aceitei responsabilidades e cumpri o que prometi. Eu me dei presentes, eu dei gargalhadas e até cantei e dancei um pouco... eu me amei um pouquinho mais.

Acabei descobrindo que sou muito bom em me auto-recuperar e situações críticas. Estou me sentindo bem, como nunca mais havia me sentido. E estou em paz, ainda cambaleando fisicamente, mas bem estável espiritualmente. Vou passar a tarde toda com aquela que eu considero minha melhor amiga neste mundo (perdendo apenas pra minha mãe). E acreditem, estou bem satisfeito de ter saído do fundo do poço sem a ajuda de um “ombro amigo e/ou materno”, como havia dito no post passado. Agora é manter as coisas como estão e torcer pra que continuem assim. É subir o primeiro degrau, sem se importar com o tamanho da escadaria...

[...]

Mudando um pouco de assunto: hoje o Sinapses têm exatos 50 posts. E dando uma olhadinha nos posts passados, acho que cumpri muito bem o objetivo de ter e manter um blog, uma das minhas “resoluções de ano novo” de 2009. 50 posts divididos em posts felizes, posts divertidos, posts críticos, posts militantes, posts deprê, posts ainda mais deprê (fossa mesmo!)... apesar dos sumiços e retornos, continuo por aqui firme e forte, sem nem cogitar a possibilidade de abandonar meu pequeno espaço virtual. Por isso, aviso que estou de volta!

11 de dezembro de 2009

FUNDO DO POÇO


Ao contrário do que muitos dizem, o “fundo do poço” não é escuro, nem úmido e nem desconfortável. Falo isso por experiência própria e atual. Mas todos estão certos quando dizem que ele é bem ruim. Ao atingir o fundo do poço, sua consciência é “iluminada” de uma forma que fica possível reconhecer onde houve erros e encontra o como e o porque se chegou a um nível tão baixo. Por isso digo que o fundo do poço é claro. O fundo do poço é seco porque, ao se dar conta que não se tem mais nada a perder e nem como as coisas ficarem piores do que já estão, você perde a capacidade de chorar, daí não há umidade. E é, até certo ponto, confortável porque dá tanto trabalho mover suas poucas energias pra sair dali que fica incrivelmente fácil se acostumar com a situação e decidir que ficar quietinho no seu canto (pelo menos por um tempo) é uma opção razoável.

O fundo do poço é um lugar que só existe dentro de nós mesmos. Até porque, se você for reparar, a menos que algo óbvio esteja acontecendo (miséria, doença, falecimento, etc.), ninguém percebe quando você está numa pior e nem entende os motivos de se ter chegado em tal situação. Uma analogia excelente, afinal, é bem difícil enxergar o fim de um poço sem estar no fundo dele.

Eis o fundo do poço. Eu cansei de tudo, enjoei de tudo. E de todos também. Parece que a festa acabou, as cores acinzentaram, a graça definhou, o assunto morreu, está tudo meio-morto. Não consigo me mover pra amar nem pra odiar alguém ou alguma coisa... e parece que esse tipo de trabalho não vale a pena.

Meu sono se inverteu e enlouqueceu. Por vezes não consigo dormir, em outras durmo 14-16 horas por dia e ainda sinto sono. Dá preguiça de acordar e me levantar da cama. A fome vem, mas a vontade de comer já me abandonou há tempos. Estou visivelmente doente, mas não tenho um pingo de forças pra buscar ajuda. Ficar parado é uma proposta cada vez mais e mais tentadora. Meus amigos me ligam e, por mais que eu sinta saudade ou ainda necessidade de falar com alguém, deixar o telefone de lado e não atender parece tão mais prático e cômodo (inclusive com as pessoas que eu mais amo nesse mundo). As pessoas puxam assunto, contam piadas, discutem notícias, agradecem algumas coisas, reclamam de outras, pedem opiniões, querem explicações... mas tudo ficou tão desinteressante, mesmo ouvir, ler ou falar. Não sinto mais simpatia, nem antipatia. Só sinto apatia por praticamente tudo.

É confuso, como se eu estivesse congelado e não houvessem motivos para seguir em frente. A apatia me subiu à cabeça. Com ela vieram a preguiça, a anorexia, a indiferença, a insônia ou hipersônia (intercaladas), a insatisfação, o descuido, a irresponsabilidade, o tédio, a inércia e a total falta de vaidade, auto-cuidado e auto-estima. E independente dos motivos que me levaram ao fundo do poço, a resolução disso tudo ainda pode demorar um pouco, principalmente porque metade das minhas forças ainda dependem do retorno de pelo menos um importante ombro amigo ou materno. Quando esse alguém retornar, eu sei que as coisas vão melhorar...

OBS: Nunca gastei tanto com álcool em toda minha vida. E ainda assim, não sinto a menor vontade de beber... a intenção é não ficar sóbrio (né Pink?).