25 de outubro de 2010

EU ME ARREPENDO...


Eu não sou um modelo pra absolutamente ninguém e detestaria ser. Tenho uma penca de defeitos contra os quais luto progressivamente para contê-los ou modificá-los (pra não dizer cortá-los). Metade do eu digo que sou (aqui no blog, no twitter, na vida) é exatamente o que eu sou o tempo todo: nem todo dia é um bom dia e meu humor não é algo lá muito estável. Por isso me arrependo de certas coisas que fiz ou deixei de fazer, apesar de acreditar que todo aprendizado é válido e que mesmo as piores experiências tem a sua razão!

Meu primeiro e maior arrependimento é ter sido por muito tempo da minha vida um completo babaca, piegas, certinho demais, preconceituoso, hipócrita, arrogante, anti-social, enfim, um merda. Tinha um senso de superioridade (sem um pingo de motivos pra ser “superior” de fato) que me fazia acreditar plenamente que era o dono da razão. Não me divertia, não dançava, não bebia, não saía de casa, tinha pouquíssimos amigos, não tinha vida social nem sexual; julgava tudo e todos da minha posição “elevada” e acreditava que todo mundo iria pro inferno (menos eu mesmo, claro) e que eu jamais mudaria de opinião. Ainda bem que eu estava errado, ainda bem que eu mudei e hoje sou a prova de que o sistema da manipulação social falha...

Me arrependo de só ter dado atenção necessária ao mercado de trabalho tarde demais. Só fui me preocupar com possibilidade (muito provável) de ficar desempregado quando eu já estava saindo da faculdade, sendo que o seu marketing pessoal e profissional deve ser feito muito antes. O resultado previsível é o meu desemprego prolongado, fato que só piora devido à saturação profissional na minha área...

Me arrependo de ter demorado demais pra começar namorar, demorado mais ainda a namorar com meninos, de ter me fechado pro amor, de ter desacreditado que relacionamentos podem sim acontecer e serem bons na medida em que se reconhece as próprias limitações e as do outro também.

Me arrependo de ter praticado a falsa arte de forjar amizades, já fui adepto dessa mania de forjar situações pra me aproximar de pessoas que eu considerava interessante, tudo artificialmente. Era algo que hoje eu considero doentio: incluía fuçar a vida do indivíduo para depois listar seus interesses e gostos, arranjar um jeito de conviver com ele, demonstrar “coincidentemente” o quanto éramos parecidos e oferecer à ele exatamente o que ela iria gostar. Isso só prova o quanto eu era anti-social e incapaz de criar laços reais com naturalidade. As poucas amizades dessa época da minha vida são um presente de pessoas que, no fundo, acreditavam que um Alysson legal existia dentro de mim...

Me arrependo de já ter beijado (y otras cositas más!) rapazes nem tão bonitos, nem tão interessantes, nem tão inteligentes, enfim, insuficientes pra mim. O arrependimento nem é pelo ato em si, mas sim pelos motivos por trás dele: carência, baixa auto-estima, necessidade de auto-afirmação, excesso de álcool associado à baixa capacidade de avaliação... ou seja, um verdadeiro descontrole emocional afogado numa postura nada segura ou saudável.

Me arrependo de ter permitido que meu primeiro namorado me sustentasse em toda e qualquer despesa minha enquanto eu estava com ele, embora eu só cedesse após grande relutância. Talvez isso tenha sido um dos motivos que o fizeram acreditar que as coisas poderiam ficar bem quando, na verdade, nunca estiveram. Me arrependo também de ter praticamente sustentado o meu segundo namorado, o que acabou me privando de beber, comer, sair ou me divertir quando a minha grana não era suficiente pra nós dois. Acho lamentável existir dependência financeira forçada de qualquer lado num relacionamento e não pretendo admitir isso nos meus futuros namoros.

Me arrependo de ter sido leviano com os sentimentos alheios. Me arrependo de ter afastado alguns amigos da minha vida por terem pontos de vista muito diferentes, numa época da minha vida em que acreditava que diferenças eram letais... hoje eu sei o quanto elas são saudáveis e importantes. Me arrependo de ter economizado grana demais e também de ter esbanjado demais nas horas erradas. Me arrependo de não ter convencido minha mãe em trazer com a gente o meu amado cãozinho quando nos mudamos. Me arrependo de não ter dito tudo o que devia às pessoas que mereciam (e precisavam) ouvir.

Arrependimentos bobos, outros nem tanto. C'est la vie...

7 comentários:

Paulo Roberto Figueiredo Braccini - Bratz disse...

Arrependimentos ... quem não os tem?
Eu não me arrependo de nada q fiz, pois era o q tinha para ser feito ou era pelo menos o q eu sabia fazer, mas lamento e muito tudo aquilo q deixei de fazer. É certo q a vida nos concede a oportunidade de corrigirmo-nos mas aquilo q deixamos de fazer não tem volta mesmo. O tempo passou.

bjux

;-)

Inside Me disse...

opa, mais um blog adorável q descubro no serginho, kkkkkkkkk [ponto pra ele, de novo]
oh moço q coisa, mas vc ja fez o melhor: reconheceu seus erros, a vida é assim, alguns tem o privilégio de aprender só olhando os erros dos outros, outros vivem esses erros e num aprendem, e vc aprendeu... agora acredito q vai viver melhor... Agora eu keria te bater por ter deixado seu caozinho pra trás, esse foi um erro bem grande... mas vc vai corrigir. bjs grandes, adorei seu espaço.

Autor disse...

Crescer é isso: passar por situações e conseguir identificar os erros e se arrepender para, da próxima vez, não fazer igual.
E seguir em frente, pois como vc bem disse, c'est la vie!

Cris Medeiros disse...

Olha... Depois do comentário que você fez no meu blog hoje, consigo visualizar alguns pontos da sua personalidade descritos aqui no blog...

Existe duas maneiras da pessoa lidar com baixa autoestima. Uma e pelo complexo de inferioridade, e outra pelo complexo de superioridade.

Complexo de inferioridade todos sabemos o que é, o de superioridade a pessoa se coloca acima para que que ela mesma acredite que é melhor ou pelo menos igual aos outros. Acho que a minha forma de lidar com minha baixo autoestima foi pelo complexo de inferioridade...

Sempre me joguei muito pra baixo durante muito tempo, principalmente no início da minha vida adulta... Mas depois aprendi a gostar mais de mim. E hoje faço as minhas exigências necessárias...

Beijocas

Palavras Vagabundas disse...

Alysson, se arrepender como você, refletindo sobre as questões é uma maneira de legal de se conhecer e crescer. Parabéns por sua atitude!
abs
Jussara

Rodrigo disse...

quer um abraço?

K. disse...

e tudo isso é prova de que vc está vivendo e crescendo. ;-)