28 de outubro de 2010

PENSAMENTOS CONFUSOS


Meus amigos e conhecidos vivem dizendo que eu deveria ter feito Psicologia, e não Fisioterapia. Motivo: sou bom em dar conselhos. Assim como a Dama costuma dizer, detesto frases prontas, do tipo “vai ficar tudo bem” e “o que tiver que ser, será”. Quando aconselho alguém evito ser eufemista ou clichê, tento ser o mais direto e reflexivo possível. Tento fazer o sujeito enxergar os problemas e complicações da forma mais prática e realista, sem dramas, estimulo a pensar no que foi ou está sendo feito de errado (causa) e no que pode ser feito pra resolver tudo (possível solução). Tem algum segredo nesse processo?! Nenhum! Se eu sou um “bom conselheiro”, isso nada tem a ver com Psicologia, que é algo profissional, sério e muito importante (e que eu admiro bastante!). É uma visão matemática e lógica das coisas. A questão é que os problemas que eu costumo aconselhar são relativamente fáceis, corriqueiros ou bem conhecidos. Mas isso é só meia verdade...

Refletindo bem sobre o assunto, a verdade é que os problemas que eu me arrisco aconselhar são realmente muito fáceis e, sendo mais sincero, é muito fácil dar pitaco nos problemas alheios, vendo todos os fatos e atos em 3ª pessoa. Mas quando os problemas são nossos, aplicar o modelo de procurar causas e encontrar soluções deixa de ser algo tão matemático e lógico e torna-se algo nada prático ou rápido. Problemas grandes exigem grandes períodos de reflexão e, no meu caso, de introspecção – pra não falar isolamento quase total. E outros problemas, mesmo pequenos e com soluções existentes ou não, podem não ser práticos ou fáceis por exigirem de nós um preço alto demais. Exemplo: um dos amigos mais inteligentes, racionais e diretos que eu conheço, nesta manhã, foi ao velório da própria mãe sendo hoje o seu aniversário. Não existe conselho no mundo que possa sequer aliviar a dor dele. Não existe mente prática ou racional que seja capaz de encontrar soluções pra essa situação, simplesmente porque a solução não existe (e aí sim, a Psicologia tem muito o que fazer). E isso é um alerta ao constante egocentrismo humano: seus problemas não são os maiores, suas dores não são as piores...

Desviando, mas nem tanto, o assunto, ontem voltei a ouvir Gabriel, o Pensador, um verdadeiro exercício de auto-crítica e reflexão social. Gabriel, que faz juz ao seu título de “Pensador”, é um sujeito extremamente politizado e um verdadeiro bom-conselheiro, num nível mais amplo, de um jeito que eu nem me imagino sendo igual. E isso me faz pensar no quanto eu sou ineficiente pra resolver os problemas que afetam grandes grupos ou todas as pessoas, sobretudo os políticos e sociais. Num balanço entre “o que eu posso fazer” e “o que eu faço de fato” pra tornar o mundo um lugar melhor, não existe nenhum equilíbrio. E isso me bota pra baixo, sobretudo quando vem associado ao fato de que ultimamente eu estou sendo um incompetente em resolver alguns problemas pessoais. A sensação chega a ser de impotência. Espero um dia ter a maturidade, a atitude, a sabedoria e os recursos necessários pra ser um sujeito mais politizado e atuante. Preciso parar de pensar que sendo rico e bem sucedido e indo morar na Europa, as coisas se resolveriam.

E voltando ao começo do post, eu realmente pretendo estudar Psicologia ou Psicanálise, mas entendo muito bem o porque eu escolhi Fisioterapia: é muito mais fácil, rápido, prático e eficiente tratar dos problemas do corpo do que os da mente. Mas no fundo, eu sei que não dá pra separar uma coisa da outra, principalmente porque é impossível passar quase 1 hora de atendimento completamente mudo diante de um humano com dores e problemas.

É, as vezes eu deveria mesmo é pensar menos, censurar meus pensamentos confusos e sem rumo...

 [...]

6 comentários:

Giuliano Nascimento disse...

Acabou de postar e eu aqui lendo, deixei de dormir só para matar esta minha curiosidade rs...

e bem, os problemas alheios, vistos na terceira pessoa, realmente são fáceis de racionalizar, já os nossos...
Quando estamos envolvidos emocionalmente é um caos, principalmente para os bons "conselheiros", assim como você e eu. A dúvida e medo assombram...

Unknown disse...

São ótimas reflexões, as suas, mas confesso ser meio ruim de aconselhar. Mas acho que você faz bem em procurar tratar corpo e mente, e no futuro estudar mais esta última. Já quanto ao engajamento político, fazendo só o mínimo - tentar votar bem, respeitar, cumprir obrigações e cobrar direitos - já é melhor que nada.

Cris Medeiros disse...

Bem... Realmente odeio frases clichês, elas me irritam profundamente... rs

Quanto a fazer psicologia, nem pensaaaaar! Já basta ser a psicóloga de plantão diariamente... ahahah.. Cansei... E pior é que todo mundo me acha boa conselheira e eu acho que não tenho capacidade nenhuma pra isso... rs

Mas uma coisa é certa, e até criei uma frase pra isso hoje!

"É tão difícil lidar com as questões simples que incomodam nossa vida, que preferimos tentar resolver as situações complexas da vida alheia, como se fossem simples."

Amei essa minha frase... ahahah

É isso querido! Não me sinto muito capaz pra resolver minhas pendengas, imagina a dos outros! rsrs

Beijocas

Rodrigo disse...

gato, ja sem pra quem pedir conselhos, então

Gabriel é o cara.

beijo pra ti

Paulo Roberto Figueiredo Braccini - Bratz disse...

pois então, racionalizar os problemas dos outros sempre é mais fácil mesmo ... as pessoas tb me vêem como um grande conselheiro, mas mal sabem elas como lido mal com os meus problemas, e o pior, odeio pedir conselhos ... rs

bjux

;-)

* Drykaah disse...

Potagem bem inteligente! Por isso que sonho em cursar Psicologia. Acredito que muitos problemas físicos, começam na cabeça, nas emoções e nos sentimentos.