31 de agosto de 2009

O "NÃO"


Um quarto meio escuro. Nele, havia uma cama de casal encostada num dos cantos, um computador desktop ligado numa mesa improvisada em outro canto, uma cômoda desorganizada, um violão encostado na parede, roupas espalhadas pelo chão e um sem número de pôsteres pornográficos femininos. Um típico quarto de um garotão entre 12 e 18 anos. E eu não errei na avaliação, era o quarto do melhor amigo dele, e ambos tinham 17 anos. E não demorei pra notar que talvez esses “empréstimos” de quarto fossem mais freqüentes do que eu gostaria. Arqueei uma sobrancelha e vi que ele estava trancando a porta do quarto com apenas nós dois dentro. Eu sabia que não íamos só conversar. Eu sabia exatamente o que ele queria. Era o mesmo que eu queria.

O “ele” é um garotão, jogador de futsal, estuda numa das melhores escolas daqui de São Luís e é extremamente bonito, o que ele deve principalmente à prática do esporte. Mais ou menos 1,78 m de altura, pele morena, olhos castanhos escuros, cabelo preto, pernas grossas, corpo bonito, sem exageros. Fala, age e reage exatamente como um garoto despreocupado. Eu o conheci nos jogos estudantis do Estado. Os olhares, as provocações e os eventos nos trouxeram para o quarto do melhor amigo dele, agora ele se aproximava com um sorriso cínico e levava suas mãos ao meu rosto. Um beijo, seguido de um demorado “olho no olho” desacompanhado de qualquer palavra. Outro beijo, mais demorado. Ele me carrega (porque os garotos fortes adoram fazer isso?) e me leva lentamente pra cama deitando-me sobre ela, o beijo não foi interrompido até o momento em que ele se deitou ao meu lado. Ficou ao meu lado, me olhando, talvez sem saber o que dizer. Mas nesses momentos não há muito o que se falar mesmo. Dois homens ligeiramente constrangidos olhando um nos olhos do outro. Até que eu cortei o silêncio.

– Tem certeza de que é isso que você quer?

– Não seria a primeira vez e com certeza não vai ser a última.

Engoli a resposta afiada em outro silêncio. E este novo silêncio não foi interrompido por palavras, mas sim por gestos, beijos, abraços, toques, movimentos, corpos sendo despidos e roupas sendo jogadas para o lado. Em seguida, sussurros, gemidos e mais beijos. E como isto não é um blog pornográfico e este não é um conto erótico, pularei os detalhes com grande satisfação.

Às 20:30 da noite, acordo abraçado a ele. Olho para o mesmo quarto desarrumado, agora mais escuro, um cômodo que cumpriu sua função de cúmplice mais uma vez, pra mais uma pessoa: eu. E ele, que ainda dorme. Sabia que a casa estava vazia, porque o silêncio novamente pairava. Sem nem mesmo me vestir, saí do quarto e procurei o banheiro. Após o banho, voltei para o quarto e ele ainda dormia. Enquanto eu me vestia ele acordou e beijou meus ombros. Perguntou se eu não podia ficar mais. Disse que os pais do amigo dele estavam viajando, a casa seria só “nossa” até a tarde do dia seguinte. E dessa vez eu respondi afiadamente:

– Acho que você gostou. Eu gostei também. Mas sei exatamente o que você pode me oferecer. E sei também o que você QUER me oferecer. E é pouco. Quero muito mais do que sexo escondido com um cara muito bonito.

Respondi com um sorriso torto nos lábios. Uma tentativa de suavizar as palavras que seguiriam. Meio confuso, ele fez uma cara de dúvida e manteve-se em silêncio.

– Acredite, pra mim não foi fácil nem rápido atingir o nível de maturidade e aceitação pessoal que eu tenho hoje. Meus desejos vão além de sexo e prazer. Desejo companheirismo, amizade, carinho. Espero que tenha sido muito bom mesmo pra você... porque, pelo menos entre nós dois, esta foi a primeira, a única e a última.

Beijei a testa dele e saí daquele quarto escuro, deixando o garoto para trás com a certeza de que ele havia entendido. Ao sair, olhei pro céu, vi a lua e só constatei: havia feito a coisa certa!

3 comentários:

Gabriel Cadete disse...

link a vontade ;D

beijo

Lucas disse...

Hummm...

É preciso maturidade mesmo pra isso. =/

Mas o melhor é a sensação de ter feito a coisa certa, de estar de acordo consigo mesmo. =)

Abração!

Thyanna disse...

Oiii...
é realmente dificil se comportar assim depois de uma situação como essa... como vc disse, é preciso muita maturidade e experiência... mas vale a pena e diminiu as chances de se ter problemas no futuro. Poucas pessoas conseguem dicenir momentos assim de relações realmente concretas...meus parabéns!

bjuus