12 de setembro de 2009

CONDENAÇÃO


Os seres humanos julgam e criticam o tempo todo – acho que todo mundo já sabe disso. O que nem todo mundo sabe é como reconhecer que está sendo injusto quando se critica e julga alguém/alguma coisa. E pra piorar, o alvo da crítica é desconhecido por quem o criticou em uma média de 9 entre 10 vezes.

O exemplo que eu vou usar nesse post pode ser bem criticado, o que é ótimo no começo desta minha fase “dando a cara pra bater”. E esse exemplo fala de UMA das muitas vezes em que eu injustamente critiquei, julguei, apedrejei e condenei um alvo completamente desconhecido por mim.

O nome do alvo? Ah, acho que todo mundo aqui já ouviu falar, chama-se LADY GAGA. Na verdade ela se chama “Stefani Joanne Angelina Germanotta”, mas é conhecida pelo nome artístico Lady GaGa, aquela cantora americana de estilo pop-dance-eletrônico que explodiu nas rádios do mundo todo em 2008, com a música Just Dance.

Ao ouvir a tal Just Dance pela primeira vez, achei o máximo. Pelo menos dentro do que se propõe a música eletrônica: boa voz, boa batida, melodia envolvente, mistura intrigante de elementos sonoros e letra (quase sempre) pobre, afinal, ninguém vai pra boate pra discutir letras de músicas (ou vai?). E daí ouvi a música até enjoar, sem sequer notar a tal GaGa. Poucas semanas depois via-se Lady GaGa em praticamente qualquer parte. Nos tablóides, no MSN, no Youtube, na TV, nas rádios, etc.

E nesse momento o Syn, digo o Alysson (vou demorar pra me acostumar), julgou impiedosamente a GaGa. E a condenou como fashionista, fútil, vulgar, modinha, etc. Tudo o que essa comunidade do Orkut diz. E dá-lhe críticas abertas: eu bradava aos 4 cantos que a tal GaGa não era digna de estar nos rankings musicais atuais, que ela era a nova “Britney Spears” do momento e que provavelmente seria esquecida... só que ninguém avisou pro blogueiro aqui que TODAS as músicas que eu adorava na boate eram da tal GaGa.

E todos os outros singles seguintes (os sucessos Love Game, Paparazzi e Poker Face) eram músicas que eu ouvia ao acaso e gostava, mas por não saber seus nomes (muito menos quem as cantava), nunca tinha procurado na net pra baixar e, portanto, não tinha como curtir lentamente tudo o que a música pode oferecer. E quando eu finalmente reparei em quem cantava todas aquelas músicas, fui obrigado a ver os clipes, as performances, os shows e PRINCIPALMENTE o discurso que a GaGa propunha (dentro e fora das suas músicas). E eu tive que abaixar a crista, ligar o modo humildade e admitir: a garota tem talento (mas lembre-se, este talento está todo dentro daquilo que ela propõe!).

Ela é uma das poucas artistas que eu tive o prazer de economizar o meu restrito dinheiro pra comprar um CD original (nada barato). E o que me motivou a isso não foi só o talento, eu percebi uma postura muito firme e forte, um discurso que muito me agrada. A Lady GaGa foi um exemplo de pessoa que eu julguei e condenei sem nem mesmo ouvir o que ela tinha pra dizer... um exemplo que não deve servir de exemplo pra ninguém.

E por mais que você não goste da Lady GaGa, aproveite a essência do post. Evite sair julgando deliberadamente por dois motivos bem básicos:

1- Isso dá aos outros o direito de te julgarem também.

2- Muito provavelmente você conhece muito pouco (ou nada) daquilo que julgas.

[...]

Só pra não perder o assunto, aproveitem pra ler esta entrevista onde um jornalista é completamente silenciado pela Lady GaGa (merecidamente). Eu a encontrei no Blog Bjsnãomeliga.

Jornalista: Em seus vídeos há uma puxada muito para o sexual. A sexualidade é muito importante para o seu trabalho?

GaGa: É importante para mim como é para você. Sexo não é importante para todos?

Jornalista: O problema é: Você tem medo que… err… tendo tanta referência referência sexual, a música passe a ser esquecida?

GaGa: Eu não estou com medo, você está?

Jornalista: Não... hehehehe...

[poker face de GaGa] GaGa: Eu não estou com medo.

[mais poker face] Jornalista: Você não está preocupada err... apenas... err... focar as referências sexuais não seja suficiente para se preocupar com a música?

GaGa: Não... [poker face] Nem um pouco. Eu tenho três sucessos em primeiro lugar, e vendi milhões de álbuns por todo o mundo.

Jornalista: Qual é a coisa que mais te orgulha até agora?

GaGa: A comunidade gay.

Jornalista: Oh... uau... por quê?

Gaga: Porque eu os amo tanto. Por que eles não me fazem perguntas como esta.

Jornalista: hehehe...

GaGa: Porque eles amam o sexual, uma mulher forte que fale o que eles pensam. Veja: Se eu fosse um cara e estivesse sentado aqui com um cigarro na mão, coçando o saco e falando sobre como eu faço música, porque amo carros velozes e foder garotas... você me chamaria de estrela do rock. Mas quando eu faço em minhas música e em meus vídeos, porque sou uma mulher, porque faço música pop, você é julga e diz que é... hã... distrativo. Eu sou apenas uma "estrela do rock".

[como se não fosse suficiente...]

Jornalista: Você é defensora dos direitos femininos?

GaGa: Não sou uma feminista. Eu idolatro o homem, amo o homem. Eu celebro a cultura masculina americana: Cerveja e bares e carros turbinados, mas não foi o que você me perguntou, você me perguntou se minha música era distraída pela minha sexualidade. Não é.

Não acreditou? Assista aqui.


8 comentários:

Cris Medeiros disse...

Bom post, como sempre!

Gostei da entrevista...rs

Bem... Condenar todos nós condenamos algo em alguma época das nossas vidas. A questão é o que fazemos com isso, se fechamos a questão ou se continuamos pensando e nos colocando no lugar da pessoa, ou na situação, com o objetivo de dar chances a coisa condenada...

Eu não fecho questão... rs

Beijocas

@JayWaider disse...

Amigo,
Li todo o post e a entrevista. Acho perfeito seu modo de compreensão e capacidade de se reconhecer enganado. Todos nós temos o péssimo hábito de julgar sem conhecer devidamente. Quanto a Lady GaGa eu nunca parei para conhecê-la e saber a que ela se propoe como artista. Como também nuca a julguei nem como artista e nem como pessoa. Já tive muita curiosidade de parar pra saber quem ela realmente é... agora movido por suas informações tenho um motivo a mais para conhecê-la.
Bju nosso

Metamorfose Ambulante disse...

Oi Alysson...Ótimo post, Lady Gaga é definitivamente uma das personalidades mais polêmicas do mundo artístico hoje, mas indepentende das polêmicas algo é inegável, ela é talentosa, canta, compõe, é uma instrumentista de mão cheia e pra completar isso é super inteligente e formadora de opinião...
Pode parecer clichês, mas o ditado se faz válido "Não julgue um livro pela capa"...

Abraços

@JayWaider disse...

Esse menino sumiu...
Bju.
Jay

Lucas disse...

Pô, todo mundo fala da lady gaga, mas eu confesso que não sei nada sobre ela, além de ter visto um cara num evento de anime daqui fazer um cosplay da dita cuja XD

Acho que é porque eu ando realmente desatualizado do mundo musical contemporâneo, só olhando pras minhas velharias ^^"

Thyanna disse...

Oi Alysson,

Achei perfeito seu texto! As pessoas tem um hábito péssimo[ e não me excluo disso] de julgar a tudo e a todos, mas o ato de reconhecer um julgamento errado e ser humilde ao admitir o erro publicamente são coisas raras [esta de parabéns viu!!]
Quanto a Gaga, bem, não a conheço, mas já ouvi falar, e provavelmente não ouvi musica nenhuma dela, mas admito que o pouco que vc disse sobre ela e a entrevista, mudaram meu julgamento a respeito...^^

Bjos
ps: minha novela continua ...rsrs

Desarranjo Sintético disse...

Bom...julgar é um instinto do ser humano que leva a destruição...alheia eheheh. E na maioria das vezes é por causa da ignorância (não no sentido de grosseria e sim no sentido de falta de conhecimento). Porque, como você mesmo disse, 9 entre 10 julgam sem saber de nada. Vamos ver se agora eu consigo acabar meu comentário pq ontem tava uma correria aqui....rsrs.
Eu tb costumo dizer que não gosto do caráter dessas musas do pop, seguidoras ou imitadoras ou qq coisa no sentido britney. Até meio boicotava as músicas delas pq para mim eram (e são) fúteis e vulgares e procurava as traduções para não sair cantando bagaceirices por aí. Mas o que você disse está correto. Hoje eu tb estou mais light, mais nessa linha de pensamento, me permitindo curtir as músicas, até pq esse mundo pop nos e bombardeado no dia a dia. É como vc escreveu, elas são boas no que pretendem. Tem talento para fazer aquilo que fazem. Acho que poderiam mobilizar esses esforços para algo direcionado masi a cultura, do que à exposição ou a simples venda desenfreada de CDS e shows, mas nã sei se daria certo e tem pouca gente com esses ideiais puritanos hj em dia. E tb, quem escuta, escuta pq quer, afinal, querendo, basta trocar de rádio, etc.
Por isso costumo dizer que não sou radical...sou meio-termista (mas não quanto a tudo).

Abraços Syn...ops...Alysson..legal mostrar a cara aí...mudanças fazem parte não é! Usamos e tiramos máscaras o tempo todo, tudo é o momento, a ciscunstância e sempre buscando o melhor para nós mesmos!
Já dizia a Pitty: "Tira, a máscara que cobre o seu rosto..."


Fábio.
DesarranjoSintético.

@JayWaider disse...

Alysson,

Passando aqui pra te desejar uma boa semana!
bju nosso
Jay e Alê