21 de julho de 2009

CARTA PÓSTUMA A UM (QUASE) AMOR


Eu aprendi sozinho e hoje conheço a mim e a ti o suficiente para nunca mais me deixar enganar.

Você não é especial em minha vida. Ser especial é, em partes, não conseguir definir nem explicar, somente sentir o porquê alguém pode ser tão significante em nossas vidas. Hoje eu enxergo: você é finito, tem explicação e, pelo menos pra mim, tem um conceito rotulado em sua testa e tem definição exata. Uma cortina turva de encanto me confundiu o suficiente para enxergar maravilhas onde não existia, me fez caminhar pelas trilhas da ilusão e fantasiar um sentimento especial que nunca poderia ter existido.

Você é inegavelmente bonito, atraente. Mas nem tanto, se comparado com pessoas realmente belas. A beleza, mesmo a superficial, a exterior, essa qualidade inata vem de dentro pra fora e é dificilmente criada com por meios artificiais. A beleza real é descompromissada, casual e inerente. Você sim bonito, mas só o suficiente para atrair alvos pequenos, fáceis, de auto-estima duvidosamente abalada. Sua beleza não atrai outras beldades, pois não é real o suficiente para manter um encanto real por muito tempo em pessoas sólidas, firmes e fortes.

Você não é inteligente. Mas sim, você é esperto. Esperto o suficiente para reproduzir com palavras e atos aquilo que os outros precisam ouvir ou enxergar. Seu raciocínio é seletivo e interesseiro e não espontâneo e constante. Você é incrivelmente carismático e sabe usar seu dom, mas não é capaz de penetrar as sólidas camadas da razão e do amor-próprio.

Você é meu amigo? Eu não sei se sou seu amigo. Mas você ainda é meu amigo. Você pode até ter muitos amigos, mas será que você é capaz de ser um amigo real para alguém? Um amigo que apóia incondicionalmente o outro, que sabe ouvir e falar, falar para motivar, para criticar, para defender e para acalentar. Amizade exige um amor pelo próximo em proporções muito grandiosas, exige interesse, inclinação, doação, altruísmo para o bem-estar na felicidade do próximo. E de forma mútua.

Eu nem sei se você consegue desenvolver tais sentimentos por ninguém menos que você. Não sei se você consegue se preocupar com os problemas de um amigo, se colocar no lugar do outro, consumir todas as forças num objetivo para o bem do próximo, de um amigo. Eu não sei quanto de você é egoísta. E não sei quanto de você é altruísta. Seus círculos de convivência são distorcidos, entranhados com uma espécie corrompida de amizade. Uma amizade interesseira, hipócrita, preconceituosa e falsa. Você mistura os interesses em seus contatos com amizades (e amigos).

Você nem consegue ter respeito pelo próximo. Sejam os amigos, a namorada, as amantes, os professores, os irmãos. Você não é fiel nem leal a ninguém. Sua seta moral aponta para as conveniências mais interessantes do momento. Você mente por puro prazer. Você se vangloria da desgraça alheia. Você usa pessoas como degraus e inimigos como pedestais de auto-afirmação. Você não consegue ser orgulhoso de sua profissão. Você se regozija ao ridicularizar um companheiro. Você é preconceituoso. Você tem defeitos terríveis, o que é normal; mas você parece se orgulhar de cada um deles, o que é repulsivo.

Hoje eu sei que o amor que eu sentia por você era algo que nasceu de uma história conturbada. Hoje eu sei que boa parte desse sentimento tem relação direta com o meu estado de espírito, com o meu amor-próprio, com a minha auto-estima. Hoje eu sei que você está muito longe de se parecer com o meu “Edward Cullen”. E sei que, felizmente, nós dois não queremos que você se pareça com o Ed.

Faz pouco mais de um trimestre que eu decidi enterrar tudo o que você significava pra mim, e estou completamente orgulhoso de tudo o que eu já consegui após essa decisão. Depois de todo esse tempo na total consciência de que você não era tudo aquilo que desejei, pelo contrário, é uma estranha versão da pessoa que eu idealizei; eu me permiti viver coisas novas, conhecer pessoas novas, ter dois relacionamentos, superar obstáculos, repensar um ou outro conceito e analisar friamente os fatos. E eu descobri coisas incríveis sobre mim. Descobri que posso ser especial, bonito, inteligente, carismático e uma excelente companhia. Descobri que eu não sou um cara ruim e tão pouco merecedor de alguém como você. Descobri que eu não quero você e, acredite, você seria bem mais feliz ao lado de alguém que realmente amasse você, como eu amei. E eu desejo sinceramente que você encontre essa otária... digo, pessoa (se é que você já não a encontrou).

E apesar de tudo, lembre-se: você ainda é meu amigo. Eu ainda estou aqui se você precisar de ajuda para melhorar como pessoa, como amigo, como namorado, como profissional, etc. e, se precisar, venha sem medo, pois não sou mais capaz de enxergar em você o homem que eu um dia amei como aquele que passaria o resto dos meus dias comigo. Hoje um amigo que será eterno em minha vida, isso se assim você desejar e merecer.Amém!

[...]

OBS: O Syn está com uma viagem marcada para amanhã com destino à sua cidade natal: Belém – PA! É uma viagem de descanso (e putaria) merecido após a formatura. A propósito, agora é Dr. Syn, blz? rsrs

OBS2: Como não sei se terei acesso à internet por lá, posso ficar sem atualizar o blog por 2 semanas. Sorry...

OBS3: GAYALPHA, MELHORAS PRA VOCÊ!!! Seja lá o que você tiver... e se precisar de dicas de um fisioterapeuta, me avisa!

15 de julho de 2009

QUALIDADES + DEFEITOS = PERSONALIDADE (PARTE 3)


É chegada a hora de desmistificar a tão falada “personalidade”. Sem buscar conceitos do senso comum, da filosofia ou da psicologia, a própria palavra PERSONALIDADE nos remete à outra palavra bastante similar: PESSOAL. Assim, pense em personalidade como todas as características pessoais (incluindo defeitos e qualidades, já falados) que fazem você ser exatamente o que você é, ou seja, aquilo que nos diferencia e nos torna únicos. Historicamente, a palavra personalidade vem do grego persona, que significa “máscara”, e tem relação direta com a arte teatral grega, onde cada máscara designava um personagem representado pelos atores.

– “Aula de história/psicologia em plena postagem Syn?”

Mais ou menos. É que durante o jogo-da-verdade, após terem sido discutidos qualidades e defeitos, os participantes começaram a falar da tal personalidade de uma forma impositiva, onde uma seria superior à outra. Ora, fala-se muito de personalidade e, infelizmente, de forma bastante errada... eis o motivo do post: uma humilde tentativa de esclarecimento.

Ter personalidade não é sinônimo de ser corajoso, forte, ou não ter “papas na língua”. De forma similar, um indivíduo “mosca-morta” não necessariamente é um cara “sem personalidade”. É errado imaginar que a personalidade de alguém pode ser quantificada ou decodificada através de testes de revista, signos, etc.. Além disso, não existe a famosa dualidade de personalidades “fracas e fortes”, “introvertidas ou extrovertidas”, “boas ou más” (lembra da odiosa filosofia monocromática?). Esses erros ambulantes e atrozes com a coitada da personalidade se devem a um maldito senso comum criado e difundido pelas massas menos favorecidas de... personalidade decente!!!

E vamos aos tais esclarecimentos: como o termo se refere ao conjunto de características e duradouras de cada indivíduo tornando-o único, por lógica, TODOS possuem a tal personalidade. Desde o cara mais foda e durão que você conhece até aquele nerdzinho que não falava com ninguém na sua turma da escola. Portanto, nunca mais diga que aquela pessoa que você admira tem personalidade, pois o indivíduo mais medíocre do mundo também tem.

A formação da personalidade é um processo gradual, lento, complexo e único a cada indivíduo. É o produto de uma construção pessoal, que sofre influência de diversos fatores sociais (família, amigos, etc.), morais (educação, cultura, etc.), fisiológicos, emocionais, intelectuais e experimentais que nos moldam, ora bruscamente e ora sutilmente, ao longo da nossa vida. Fato é que em cada um de nós, algumas características tornam-se dominantes e mais trabalhadas do que outras. Dessa forma, esqueça as comparações entre personalidades “fortes e fracas”, “superiores e inferiores”, etc. As características de um indivíduo, como ser estável ou volúvel, introvertido ou extrovertido, etc. são componentes do todo que compõe a personalidade, e não um defeito ou qualidade específico dela.

E pra finalizar, esqueça todas as chances de definir, limitar ou resumir o ser humano. O horóscopo, e outros produtos da astrologia, jamais serão capazes de definir a complexidade humana; eles no máximo agrupam padrões de comportamento, que podem ou não ser compatíveis com você (pelo menos comigo nunca deram certo). Testes de revistas não são capazes de determinar suas características fielmente, até porque somos um tanto quanto imprevisíveis e sensivelmente mutáveis. Lembrem-se: todos nós temos nossas máscaras, nossas “personas” nessa peça que é a vida. Por mais estável e durável que possa ser a personalidade, sempre existe um sutil desvio-padrão, para mais ou para menos.

P.S.: Espero que tenham gostado da "série" de posts. ^^