19 de janeiro de 2009

PRETO E BRANCO


Antes de mais nada quero deixar claro que este não é um texto sobre racismo, anti-racismo, artes plásticas, arte fotográfica ou coisa similar. Isto é minha tentativa de erradicação da “filosofia monocromática”. Não entendeu? Eu explico, com todo prazer.

Os humanos (ô raça!!!) estão acostumados demais em simplificar os fatos, as idéias, qualquer coisa possível. Eis a filosofia monocromática, tudo se resume a opostos extremos: “sim” e “não”, “sempre” e “nunca”, “feio” e “bonito”, “A” e “B”, e o pior e mais lamentável deles, o “certo” e “errado”. Quando um certo alguém disse que todo acontecimento tem pelo menos dois lados, dois pontos de vista, ele não limitou à existência de apenas DOIS extremos.

Entre o PRETO e o BRANCO existem milhares de tons de cinza. Entre o BEM e o MAL, CERTO e ERRADO existem valores morais e culturais fortes de cada um. Entre o SIM e o NÃO existe o bom senso. E entre todas as muitas possibilidades de extremos existe a
OPINIÃO de cada um. Categorizar e estereotipar qualquer coisa não passa de uma tentativa inútil de por as coisas de um lado ou de outro do muro e simplificar as coisas dessa forma é abdicar de uma das melhores coisas que o humano tem: a razão. E ficar em cima do muro muitas vezes é uma ótima solução.

Certa vez uma conhecida qualquer, que tinha brigado com um namorado (que estava com ela por uns 20 dias no máximo) disse aos prantos:

– “Eu nunca mais volto praquele desgraçado, NUNCA!!!”

Duas semanas depois os pombinhos (ou palhaços) tavam no maior amasso em plena praça de alimentação da faculdade. Se eu gostei? Tanto faz... a vida, o relacionamento e a paciência são deles mesmo. Eu não sei (e nem quero saber) o motivo da briga deles, o meu bom-senso está no meio entre a opinião de que ela seja romântica ou burra mesmo. Mas isso me fez pensar no número de vezes que as pessoas usam palavras absolutas, pura filosofia monocromática, afinal. Certamente um erro.

Nem todos os vilões são malignos e inescrupulosos. Nem todo herói é o certinho bonzinho. O símbolo Yin & Yang (apesar de ser monocromático) representa exatamente isso, equilíbrio e não extremismo. Nem todo chocolate é gostoso (e olha que eu adoro chocolate). Nem toda loira é burra. Nem todo verão é ensolarado. Nem tudo que é caro é bom. Absolutos extremos são raríssimos, e só não digo que não existe nada absoluto porque seria puro extremismo, que aliás, estou tentando erradicar.

Portanto, da próxima vez que você decidir aderir à filosofia monocromática, não se esqueça do bom-senso e também que ela pode se voltar contra você, afinal, pra ela não existe meio termo, meio certo, meio errado e nem lugar em cima do muro, inclusive pra você. Dê espaço e valor aos tons de cinza. Suas sinapses agradecem (e as minhas também).

E como dizia o célebre diálogo entre Kain e Raziel na série Legacy of Kain:

RAZIEL:
– "Você mesmo disse Kain. Há somente dois lados na moeda."

KAIN:
– "Aparentemente sim. Mas suponha que você jogue a moeda muitas vezes... suponha que um dia ela caia no meio..."

P.S.: Mesmo assim eu adorei a abertura de “A Favorita”.

OBS: A figura é um saxofonista ou um rosto feminino? Resposta: VOCÊ decide.

2 comentários:

César Schuler disse...

Que bom, por mais que eu mude de blog você continua gostando?
rs

Muito obrigado!

Volte sempre (:

Anônimo disse...

Equilibrio é a palavra de ordem!!! É o que eu to buscando...o Yin & Yang da minha tatoo ja diz!!! hehehe!!! Nem tudo é o que parece ser e nem tudo que parece ser é!!! Ótimo post!!!
A propósito tb gostei da abertura de "A Favorita" hehehehe!!! To aguardando o proximo post!!! Abraços!!!