9 de outubro de 2010

SOU BI. E DAÍ?



Não, o Syn não ta tentando mudar de lado. Continuo sendo 100% gay, do tipo que não gosta de meninas (ou meninos que parecem meninas), salvo em raríssimas exceções. Não sou bi e não tenho nada contra os bissexuais. Mas que fique claro: não tenho nada contra os VERDADEIROS bissexuais. A ciência diz que cerca de 2 a 22% da população é homossexual (ou teve experiências homossexuais) e uma ínfima parcela disso pode ser considerada bissexual. E eu acredito na ciência! O que eu não acredito é nessa onda de bissexualidade que explodiu atualmente, tomando o patamar de uma coisa que eu detesto: MODINHA.

Bissexual, pra mim, é aquele(a) que tem a plena consciência de que se sente atraído por homens e mulheres num nível muito equivalente. E embora o sujeito não necessariamente tenha assumido sua condição de bi publicamente, ele mesmo deve estar bem consciente do que é, deve ter assumido sua bissexualidade pra si mesmo. Um bissexual é um indivíduo que sai pra uma balada, olha uma garota extremamente sensual e um rapaz estupidamente atraente e fica na dúvida real de qual deles ele deve investir primeiro. Ser bissexual é entender que você pode estar num futuro relacionamento/rolo/fica com um homem ou com uma mulher, com possibilidades muito parecidas (quase iguais) entre os dois gêneros. Ponto final.

Ah, fulano é gay/lésbica e já ficou com alguém do sexo oposto, então é bi!”. Afirmação muito infeliz essa. Eu, por exemplo, sou gay e tive 4 namoradas. Sim, você leu NAMORADAS, no feminino, e duas delas sabiam plenamente que eu era (sou) gay e que esse fato não quer dizer que eu não possa me atrair por mulheres. Nada me impede de achar uma garota bonita e de me interessar por ela, principalmente sendo uma Katy Perry da vida! Da mesma forma, heterossexuais podem se atrair por pessoas do mesmo sexo e continuarem sendo heterossexuais. O que nos “define” não é a exceção, mas sim a regra, o que é constante. Se você não vê homens e mulheres heterossexuais praticando a homoafetividade publicamente ou com freqüência, a explicação pra isso é sócio-cultural (machista, misógina e preconceituosa). Mas daí a definí-los como bissexuais existe um espaço gigante e real. Ok ok, até eu devo admitir: a minha pior foda com um homem foi absolutamente melhor do que a minha melhor foda com uma garota. Por isso eu sou gay e ponto.

O que se torna irritante são os casos onde a bissexualidade é usada pra atenuar ou facilitar a aceitação alheia de uma homossexualidade eminente, pra não dizer evidente. O típico sujeito que sai quase sempre com meninos, mas diz que fica com meninas de vez em quando (e até fica mesmo) só pra manter a linha normal, numa tentativa de se auto-explicar pra sociedade: “Ei, não tenha preconceito, eu posso ‘voltar ao normal’ a hora que eu quiser. Sério, vou casar com uma mulher e ter filhos!”. Isso sim irrita. Isso cria uma visão deturpada de que ser gay/lésbica é algo mutável e dá respaldo social pra muito psicólogo oportunista e preconceituoso sair tentando mudar (leia reprimir) nas pessoas uma característica que lhe é natural. E o resultado seria tão gritante quanto alisar e pintar de louro-branco os lindos e negros cachos da Thaís Araújo.

Sério, o fato de um sujeito não ter a coragem necessária pra assumir que gosta (ou que também gosta) de pessoas do mesmo sexo não faz delas bissexuais. Isso tem nome: preconceito internalizado. E esse sim tem excelente tratamento, e nem sempre precisa de terapia. O problema é que as pessoas com medo, ou outra coisa que os impeçam, de assumir suas preferências sexuais pra si mesmo (nem precisa ser publicamente), criam “máscaras de heterossexualidade”. E como eu costumo dizer: “o maior perigo das máscaras não é possibilidade delas caírem, mas sim o ponto em que elas não caem mais”, ou seja, a adoção da máscara como se fosse a própria realidade. O maior dos problemas é o potencial que esses indivíduos mal-resolvidos têm de destruírem vidas alheias, casando, tendo filhos, enganando a todos, sendo infelizes e tardiamente explodindo sozinho.

Outro grande equívoco: declarar-se bissexual e achar que isso dá ao sujeito o direito de ser um promíscuo “legalizado”. Ou seja, ter o direito de ter um namorado e uma namorada e esperar que isso seja normal e absolutamente compreensível por todos (porque né? Já vi gente que topa cada coisa...). Tem gente que não aprende, adora tentar dar uma de esperto. Eu mesmo já quase tive problemas com um cara que pensava exatamente assim, e pulei fora rapidinho (não por esse motivo isolado, whatever). Bissexualidade não tem nada a ver com promiscuidade: basta ser humano, de qualquer sexualidade, é o suficiente pra ser um promíscuo em potencial. Mas pra esses espertinhos, o melhor remédio é revidar imediatamente: “Quer ter um namorado e uma namorada? Tudo bem, seu direito, mas isso me dá o direito de ter dois namorados. Ponto.”. Isso resolve facilmente o problema desses “bissexuais” oportunistas.

Finalizando, faço questão de repetir: não tenho nada contra os VERDADEIROS bissexuais. E tenho tudo contra quem tenta usar esse título pra se beneficiar de alguma forma, abusando da credibilidade de uma orientação sexual que já sofre preconceito suficiente de heterossexuais e homossexuais. E tenho dito!

28 de setembro de 2010

DESABAFO



Eu superei muitos dos meus preconceitos, medos e restrições. Não todos, porque já existem e sempre existirão novos problemas, dúvidas e limitações. A vida não é estática, aliás, pouca coisa nesse mundo atual é estática. Eu não resolvi tudo sozinho, é verdade. Eu tive pessoas, amigos, colegas, tutores e alguns conhecidos que disseram as coisas certas nas horas certas. Pequenos atos que mudaram radicalmente minha forma de pensar num curtíssimo período, o que pode ser chocante e muito aterrador. Entretanto...

Sério, eu não tenho a menor obrigação de ser condescendente com quem tem problemas que são parecidos (em maior ou menor grau) com os meus antigos problemas. Eu posso sim, se essas pessoas forem importantes pra mim, apoiá-las, orientá-las, perder algum tempo distraindo-as ou sussurrar a direção que eu tomaria. Mas eu já estou ficando farto da juventude atual e das suas atitudes quase inexistentes pra resolver seus próprios problemas, quiçá mudar pra melhor a nossa realidade.

Estou cansado de dizer pra meninas-teenage-bonitinha-baladeiras-patricinhas-de-cabeça-oca que a juventude passa num piscar de olhos e que todo esse glamour precisa ser substituído por algum estudo/vocação decente. Estou cansado de explicar pra jovens-gays-afeminados-e-emos que usar roupas, cabelos e acessórios coloridos, falar com voz fininha e gesticular de forma afetada não ajuda ninguém a arranjar algum emprego, não garante uma universidade, não facilita na pegação com outros rapazes, não vai forçar uma aceitação externa e nem vai ajudar a causa gay. Estou cansado de dizer que música não é exclusivamente uma questão de opinião, afinal, eu detesto as músicas do Elvis Presley e não ouço jazz/blues com um bom whisky (e uma cara de cult) porque eu não gosto desses estilos musicais, mas sei que tais músicas representam grande valor e possuem qualidade indiscutível; coisa que não se vê mais em tempos de Restart. Estou ficando irritado ao ver cada menino ou menina suspirando pelo Edward Cullen (ou pelo Robert Pattinson, a maioria não faz distinção das duas pessoas), como se existisse a possibilidade de que um sujeito absolutamente idealizado pudesse descer do céu e mudar radicalmente a vida de um/uma Bella; e eu até sou ligeiramente simpatizante da saga. Estou boquiaberto em ver jovens fumando cada vez mais cedo só pra causar impacto; ou contando aos berros, nos dedos, o número de drogas que já experimentou; ou vangloriando-se pelo número de vezes que fugiu de casa pra ir a alguma balada fuleira, onde trepou, vomitou, ficou de ressaca e ainda brigou com os pais por “besteira”.

Se juventude é a fase de errar – e eu concordo com essa teoria – o fim da adolescência, lá por volta dos 17-18 anos, já é tempo de dar indícios de responsabilidade pessoal e coletiva, senão a vida te derruba e te mete porrada de um jeito feio e grosseiro, sem piedade. E é justamente as lágrimas e os lamentos dessa fase monocromática da vida que eu já estou cansado de ver e ouvir. Por isso, da próxima vez que eu for bruto ou partir em pedaços o sonho juvenil cor-de-rosa de alguém, vou me limitar a voltar pra casa e aceitar o título de antiquado com muito orgulho: pelo menos sou um antiquado bem-sucedido, ao meu modo.

30 de agosto de 2010

MATURIDADE


Nos últipos episódios do (perfeito) seriado "Queer As Folk", um personagem quarentão e "deslocado" chamado Ted, cansado dos padrões esterotipados (de beleza física, juventude, relacionamentos monogâmicos ou poligâmicos perfeitos, entre outros) finalmente entende algo que metade da população ocidental (ou mais) ainda não entendeu: a perfeição é inatingível e os estereótipos são só o que são e valem apenas para quem os seguem como valores pessoais. Muito maduro da parte dele.

Ted entendeu que não precisava fazer plásticas para se manter jovem, magro e bonito, não precisava sofrer tanto na academia pra se manter no peso ideal, não precisava de drogas (lícitas ou não) pra se sentir feliz, não precisava de festar diárias e orgias pra conseguir sexo e não precisava ser perfeito para atrair um namorado... e mais importante que isso, desejou ter a sabedoria para não enlouquecer sem um namorado e para ser feliz, assim mesmo, ainda que ninguém viesse a aparecer na sua vida. Isso é maturidade.

Acho fascinante o poder que o tempo exerce sobre as pessoas. Não que a extrema velhice me agrade, afinal, sou humano e temo envelhecer (algo que considero normal e que a Dama de Cinzas detalhou muito bem). Mas é verdade: o tempo faz verdadeiros milagres em mentes e corpos humanos. Em outra série que ando assistindo, "Men of Certain Age", me surpreendo como os personagem se tornaram quarentões divertidos, questionadores, inteligentes, vaidosos, sedutores, carinhosos e, adivinhem, extremamente maduros.

Eu demorei certo tempo pra entender o quanto a maturidade é relevante pra mim, ou seja, entre as pessoas com quem convivo e me relaciono. Hoje eu percebo que não se trata só de "relevância", mas sim um padrão de "exigência", quase um pré-requisito social que pode fazer a diferença entre uma amizade/namoro e o afastamento total, ainda que muitas vezes isso ocorra meio sem querer, de forma inconscientemente.

Apesar da minha idade relativamente curta, eu vejo que eu realmente sou maduro, dentro das minhas limitações óbvias. E me orgulho disso. O Laisse Faire vez ou outra comenta: "Alysson, olha o quanto tu ja evoluiu!". Até bem pouco tempo atrás eu nem ligava pra isso, achava que era alguma tirada irônica. Mas é verdade, ele tem razão. E a melhor parte disso é saber que, ao mesmo tempo, não me tornei um chato, um inútil e nem perdi o meu senso de humor.

Ok, mas o que um moleque de 23 anos sabe sobre maturidade? E eu respondo: muita coisa! Certamente bem menos do que vou saber quando tiver mais idade. Certamente bem mais do que muita gente de 23 anos que existe por aí. Certamente bem mais do que várias pessoas mais velhas do que eu. Porque maturidade, apesar de estar ligeiramente enroscada com a idade, não é dependente apenas dela. Maturidade é ter a sabedoria que nos leva a tomar decisões mais adequadas, é ter novas perguntas, é ter respostas mais simples e mais satisfatórias, é ter paciência e serenidade, é dar a nós mesmos nem mais e nem menos importância e respeito do que realmente temos, é ter a capacidade de rir de si mesmo, é ter credibilidade, responsabilidade e palavra. Maturidade é não levar as coisas tão a sério... e levá-las totalmente a sério, dependendo da necessidade. Boa parte disso eu já consegui aos poucos e pretendo conseguir bem mais.

[...]


MATURIDADE

Maturidade é saber que nunca somos totalmente maduros pra viver. Portanto, sempre teremos o que aprender.

Maturidade é ter o poder de controlar a raiva e de resolver divergências sem violência nem destruição.

Maturidade é ter paciência e disposição para abrir mão de um prazer imediato, com vistas a uma vantagem a longo prazo.

Maturidade é ter perseverança, é empenhar-se a fundo num programa, a despeito da oposição e dos contratempos desalentadores.

Maturidade é ter abnegação, é atender às necessidades alheias.

Maturidade é ter a capacidade de enfrentar o desagradável e a decepção sem nos tornarmos amargos.

Maturidade é ter humildade. Uma pessoa madura consegue dizer: "Perdoe-me." E, quando fica provado que estava com a razão, não sente a necessidade de se vangloriar: "Eu não disse?".

Maturidade significa credibilidade, integridade e cumprimento da palavra.

Os imaturos encontram pretexto para tudo. São os retardatários crônicos, os contadores de vantagens, que falham no momento das crises. A vida dessas pessoas é um emaranhado de promessas não cumpridas, assuntos inacabados e amizades desfeitas.

Maturidade é ter a capacidade de viver em paz com o que não se pode mudar.

(Autor Desconhecido)

26 de agosto de 2010

FROZEN


You only see what your eyes want to see
How can life be what you want it to be?
You're frozen
When your heart's not open.

(Frozen - Madonna)

Eu guardei meu coração num freezer. Ok, quase isso. Só arranquei o coração pra fora do seu espaço e, no seu lugar, coloquei um espelho de corpo inteiro, algumas garrafas de vodka, um mp3 player cheio de boas músicas, uns DVDs de pornografia e o meu celular. Eu finalmente ativei o meu lado egocêntrico e hedonista que, anteriormente, eu não tinha coragem nem vontade de abraçar. Tudo isso sem um pingo de ressentimento ou revolta, juro!

Nos últimos dois anos (que alguns de vocês acompanharam aqui no Sinapses) eu mantive o meu coração derretido, cheio, livre, solto demais. E com todo esse poder, por vezes ele dobrou a vontade do meu lado racional, quase sempre dominante. Por dois anos eu fui um Alysson compreensivo demais, humanizado demais, espiritualizado demais, muito cuidadoso com os sentimentos alheios, cheio de amor pra dar e sem esperar NADA em troca (não o tempo todo, não sou perfeito). E só recebi esse tipo de recompensa: mesmice, ingratidão, baixa consideração e indiferença (da maioria esmagadora, mas não de todos). E como sou um homem prático, se as coisas não estão dando certo, eu avalio as causas e fatores envolvidos no fracasso e tento mudar a minha tal realidade. Pode demorar um pouco em alguns casos, mas geralmente tarda sem falhar.

Por esse motivo, cansado de slap in my face, vou inverter tudo pro extremo oposto e recomeçar do zero na jornada pra alcançar um equilíbrio adequado. Até lá, coração em criogenia, duro como pedra, fechado, inacessível e intocável. Não pensem que é desilusão ou qualquer tipo de trauma, sério, não é nada disso. Só não quero assumir a responsabilidade por qualquer um que, ocasionalmente, acabar saindo machucado dessa história.

"Ok, Alysson. E o que isso muda, efetivamente?". Eu respondo: muita coisa, sobretudo os meus focos. Percebi que nesse tempo, a pessoa que eu menos amei foi o próprio Alysson, eu mesmo. E desgastado como estou, nada posso fazer pra contribuir positivamente com ninguém. Sendo assim, vou cuidar mais de mim, dos meus interesses, dos meus princípios e pontos de vista. É como eu disse, inicio uma fase egocêntrica, mas no melhor sentido que isso pode ter.

Quero me divertir, me aproveitar, me permitir. Isso significa recusar um ou outro favor, se eu tiver algo melhor em mente. Isso significa dizer "não estou interessado, obrigado", "não posso", "não quero" ou "vou estar ocupado com outra coisa", sem medo de causar qualquer má impressão. Até porque estive disponível, topando qualquer ajuda/tarefa/missão faz um certo tempo e foda-se quem resolver lembrar só das minhas respostas negativas, provavelmente são pessoas que não vão fazer falta. É claro que eu não vou ser uma pessoa ruim desnecessariamente, nem vou deixar de ser gentil ou prestativo. Só não vou dar ênfase nisso.

Eu quero dançar, beber, fumar, transar se e quando me der vontade. E negar tudo isso se a minha vontade recusar. Enfim, quero fazer comigo aquilo que me der vontade, viver a promiscuidade despudorada. Me dando o devido respeito e cagando e andando pra opinião alheia. Quero viver a maior boemia se isso estiver ao meu alcance. Eu não quero namorar. Eu quero não ter que ligar no dia seguinte pro garoto da noite anterior. E quero não ter que atendê-lo, caso ele ligue. Quero fazer isso sem me sentir mal. Eu quero dizer "você NÃO é importante pra mim" com a mesma sinceridade e efeito de quando eu digo "eu te amo".

E eu quero estudar mais, começar a trabalhar com entusiasmo (finalmente!), ler mais, pensar mais, meditar mais, assistir aquilo que me acrescenta ou que simplesmente me faz rir. Eu quero mais humor. E quero mais programas lights, como conversar com amigos por horas, sobre os temas mais relevantes ou sobre a mais fútil banalidade que nos vier na cabeça. Quero assistir filmes bons, e os ruins também. Quero ouvir música boa, e as ruins também. Quero perder o meu tempo numa tarde de RPG com amigos, numa noite de papo sob luz da lua ou numa caminhada solitária pela praia ao amanhecer.

Quero correr diariamente, pra cuidar da minha saúde e do meu corpo enquanto eu não posso pagar por uma academia. Quero ir ao dentista, ao médico, ao fisioterapeuta e ao psicanalista, nem que seja só pra ouvir um "está tudo bem". Quero mudar o corte de cabelo, cuidar da minha pele, quero precisar de uma manicure/pedicure, quero comer mais e melhor. Quero estar plenamente satisfeito com o espelho, dentro do possível.

Eu quero congelar a minha camada mais periférica e a casca do meu coração propositalmente. Eu quero estar tão bem comigo mesmo, ao ponto de me sentir completo sozinho, sem precisar de qualquer apoio ou "alma-gêmea". Eu vou aumentar as minhas chamas interiores, aquecer lentamente o que importa dentro de mim. E quando eu me cansar de aproveitar tudo o que eu sou e o que eu posso ser, só então eu irei procurar alguém tão completo quanto eu deverei estar.

Até lá, "quero ver apenas o que os meus olhos querem ver" e "estar congelado, enquanto meu coração não estiver aberto". Não é, Madonna?


24 de agosto de 2010

ELEIÇÕES 2010


"Agradeço pela ração
Aqui tudo está sempre a mão
Um cantinho pra eu me deitar
Uma bola pra me acalmar..."

"Te cuido tanto aqui
Te dou o que quiser
É só me divertir
E não tentar fugir..."

(Rato na roda - Pitty)

Minha opinião sobre a política no Brasil vocês já conhecem (ou podem lembrar clicando aqui). Ela não mudou praticamente em nada: chegam as novas eleições e o cenário é o mesmo, políticos arrumados, desinteressantes, muitos deles criminosos e que nem disfarçam que estão apenas lendo o que foi passado pela "equipe" eleitoral deles.

No nível estadual, as chances dos Sarney continuarem mandando no Maranhão são bem altas (acreditem!), a maioria dos concorrentes são igualmente corruptos ou esquerdistas revoltadinhos. Os deputados estaduais e federais repetem o de sempre sem se preocupar e, pior, ainda agem em níveis bem restritos, falam de defender os interesses de tal cidade, tão região, como se APENAS suas localidades fossem relevantes. Entre os senadores, não há nada novo: mudaram apenas as faces e o discurso é o mesmo, isso porque nunca ficou tão claro que o político é só um reflexo do seu partido. Entre os presidenciáveis, aí sim a coisa fica lamentável.

Dilma, além de ter uma série de pontos negativos na campanha do PT-boa vizinhança-corrupção-jeitinho, mal tem coragem de estabelecer uma campanha sem sair do ombro do Lula. Você confiaria em alguém que só obedece ordens alheias? Você votaria em alguém visivelmente volúvel? Eu não...

Zé Maria chuta o balde e promete salários mínimos de 2 mil reais, redução da carga horária de trabalho máxima de 35 horas (sem redução do salário) e um completo apoio ao MST, garantindo desapropriação de terras privadas e doação das mesmas pra quem nela trabalha. Você acredita em um mínimo equilíbrio econômico baseando-se nessas 3 promessas? Eu não...

Plínio foi o único a assinar o termo de compromisso em favor dos interesses GLBT, ok. Mas e além disso? O Programa dele inclui excentricidades graves similares ao de Zé Maria e, além disso, sua divulgação e propaganda são tão superficiais e frágeis. Você votaria? Eu não...

Marina Silva aparentemente tem uma proposta bem limpa: se por um lado ela não apóia uma ou outra causa, por outro ela deixa isso bem evidente e explica suas razões. No máximo, diz que existem poucas informações sobre o assunto e "advoga a favor de um plebiscito" (SIC). Mas sinceramente, eu tenho os dois pés atrás com QUALQUER pessoa que venha de uma religião tipicamente fundamentalista como a dela. Admito, é uma forma de preconceito sim, sob uma fachada de auto-proteção.

E Serra até tem boas propostas. Mas é só você conversar com alguns paulistas pra você conhecer um pouco do que ele fez por lá. Enquanto era governador, a criminalidade aumentou, os pedágios aumentaram, houve censura quando tentaram criticar o seu governo, entre outros motivos bem graves. Fora o partido dele, que tem carteirinha marcada em várias CPIs.

Como eleitor, eu não sei o que fazer, em quem votar. Não confio mais em votos nulose branco, ainda mais com a lenda (ou não) de que essas opções têm livre manipulação. Não vi em nenhum dos candidatos aquele entusiasmo que se espera pra modificar o que há de mais grave no nosso país, ou seja, as 3 necessidades mais basais e urgentes: EDUCAÇÃO, SAÚDE e SEGURANÇA. Pouco se fala sobre tais necessidades e, quando se fala, é de um jeito completamente superficial e pisando em ovos. O que me remete a um grande medo de arriscar, de tentar fazer algo que possa definitivamente resolver uma boa parte dos problemas.

Pra finalizar, deixo o resto da minha opinião escancarada nas palavras do jornalista e blogueiro Gabriel Cadete (em "Sobre Política" e "O voto gay?") e do ator Felipe Neto (em "Não Faz Sentido! - Políticos").