Os seres humanos julgam e criticam o tempo todo – acho que todo mundo já sabe disso. O que nem todo mundo sabe é como reconhecer que está sendo injusto quando se critica e julga alguém/alguma coisa. E pra piorar, o alvo da crítica é desconhecido por quem o criticou em uma média de 9 entre 10 vezes.
O exemplo que eu vou usar nesse post pode ser bem criticado, o que é ótimo no começo desta minha fase “dando a cara pra bater”. E esse exemplo fala de UMA das muitas vezes em que eu injustamente critiquei, julguei, apedrejei e condenei um alvo completamente desconhecido por mim.
O nome do alvo? Ah, acho que todo mundo aqui já ouviu falar, chama-se
LADY GAGA. Na verdade ela se chama “
Stefani Joanne Angelina Germanotta”, mas é conhecida pelo nome artístico
Lady GaGa, aquela cantora americana de estilo pop-dance-eletrônico que explodiu nas rádios do mundo todo em 2008, com a música
Just Dance.
Ao ouvir a tal
Just Dance pela primeira vez, achei o máximo. Pelo menos dentro do que se propõe a música eletrônica: boa voz, boa batida, melodia envolvente, mistura intrigante de elementos sonoros e letra (quase sempre) pobre, afinal, ninguém vai pra boate pra discutir letras de músicas (ou vai?). E daí ouvi a música até enjoar, sem sequer notar a tal
GaGa. Poucas semanas depois via-se
Lady GaGa em praticamente qualquer parte. Nos tablóides, no MSN, no Youtube, na TV, nas rádios, etc.
E nesse momento o Syn, digo o
Alysson (vou demorar pra me acostumar), julgou impiedosamente a
GaGa. E a condenou como fashionista, fútil, vulgar, modinha, etc. Tudo o que essa
comunidade do Orkut diz. E dá-lhe críticas abertas: eu bradava aos 4 cantos que a tal
GaGa não era digna de estar nos rankings musicais atuais, que ela era a nova “Britney Spears” do momento e que provavelmente seria esquecida... só que ninguém avisou pro blogueiro aqui que TODAS as músicas que eu adorava na boate eram da tal
GaGa.
E todos os outros singles seguintes (os sucessos
Love Game,
Paparazzi e
Poker Face) eram músicas que eu ouvia ao acaso e gostava, mas por não saber seus nomes (muito menos quem as cantava), nunca tinha procurado na net pra baixar e, portanto, não tinha como curtir lentamente tudo o que a música pode oferecer. E quando eu finalmente reparei em quem cantava todas aquelas músicas, fui obrigado a ver os clipes, as performances, os shows e PRINCIPALMENTE o discurso que a
GaGa propunha (dentro e fora das suas músicas). E eu tive que abaixar a crista, ligar o modo humildade e admitir: a garota tem talento (mas lembre-se, este talento está todo dentro daquilo que ela propõe!).
Ela é uma das poucas artistas que eu tive o prazer de economizar o meu restrito dinheiro pra comprar um CD original (nada barato). E o que me motivou a isso não foi só o talento, eu percebi uma postura muito firme e forte, um discurso que muito me agrada. A
Lady GaGa foi um exemplo de pessoa que eu julguei e condenei sem nem mesmo ouvir o que ela tinha pra dizer... um exemplo que não deve servir de exemplo pra ninguém.
E por mais que você não goste da
Lady GaGa, aproveite a essência do post. Evite sair julgando deliberadamente por dois motivos bem básicos:
1- Isso dá aos outros o direito de te julgarem também.
2- Muito provavelmente você conhece muito pouco (ou nada) daquilo que julgas.
[...]
Só pra não perder o assunto, aproveitem pra ler esta entrevista onde um jornalista é completamente silenciado pela Lady GaGa (merecidamente). Eu a encontrei no
Blog Bjsnãomeliga.
Jornalista: Em seus vídeos há uma puxada muito para o sexual. A sexualidade é muito importante para o seu trabalho?
GaGa: É importante para mim como é para você. Sexo não é importante para todos?
Jornalista: O problema é: Você tem medo que… err… tendo tanta referência referência sexual, a música passe a ser esquecida?
GaGa: Eu não estou com medo, você está?
Jornalista: Não... hehehehe...
[poker face de GaGa]
GaGa: Eu não estou com medo.
[mais poker face]
Jornalista: Você não está preocupada err... apenas... err... focar as referências sexuais não seja suficiente para se preocupar com a música?
GaGa: Não... [poker face] Nem um pouco. Eu tenho três sucessos em primeiro lugar, e vendi milhões de álbuns por todo o mundo.
Jornalista: Qual é a coisa que mais te orgulha até agora?
GaGa: A comunidade gay.
Jornalista: Oh... uau... por quê?
Gaga: Porque eu os amo tanto. Por que eles não me fazem perguntas como esta.
Jornalista: hehehe...
GaGa: Porque eles amam o sexual, uma mulher forte que fale o que eles pensam. Veja: Se eu fosse um cara e estivesse sentado aqui com um cigarro na mão, coçando o saco e falando sobre como eu faço música, porque amo carros velozes e foder garotas... você me chamaria de estrela do rock. Mas quando eu faço em minhas música e em meus vídeos, porque sou uma mulher, porque faço música pop, você é julga e diz que é... hã... distrativo. Eu sou apenas uma "estrela do rock".
[como se não fosse suficiente...]
Jornalista: Você é defensora dos direitos femininos?
GaGa: Não sou uma feminista. Eu idolatro o homem, amo o homem. Eu celebro a cultura masculina americana: Cerveja e bares e carros turbinados, mas não foi o que você me perguntou, você me perguntou se minha música era distraída pela minha sexualidade. Não é.
Não acreditou? Assista
aqui.