31 de janeiro de 2010

AINDA BEM


Dia 17 de Janeiro de 2010. Eu já estava bastante satisfeito com o dia. Pela manhã, fui à praia com a minha mãe e dois primos. Pela tarde, me diverti na piscina com mais uns primos e primas. No final da tarde e começo da noite, aproveitei meu tempo com uma amiga que tá mais pra irmã de sangue, e talvez de alma também, vai saber. E no fim da noite, marquei de sair com minha melhor amiga (páreo duro com essa amiga anterior, nem costumo categoriza-las assim por medo da rivalidade) numa boate. Tava bom demais pra ser verdade, dias perfeitos não são comuns, mas entrei na onda de otimismo que poderia terminar a madrugada ainda melhor. E funcionou.

Na boate, estava convicto de duas coisas: iria beber e não iria flertar. Eu andava meio “coração gelado” e sem um pingo de saco pra todo aquele joguinho de sedução necessário pra conhecer alguém. Os olhares, as insinuações, os flertes, todos foram desligados propositalmente. Sem nenhum tipo de 2ª intenção, comecei a dançar com minhas amigas, sem “sensualizar” (adoro!) pra ninguém. No máximo admirei a beleza alheia, sem dar sinais de interesse. E da mesma forma, comecei a beber sem um pingo de preocupação. Até que, lá pra 1 da manhã, ele aparece...

Eu não o vi chegar, não dei atenção especial, principalmente porque eu já estava bem ébrio. Mas ele se aproximou, perguntou meu nome, dançou comigo e me beijou. E quando eu me dei conta, estava adorando a companhia inesperada. Só havia um problema: existia uma certa urgência sexual em nós dois, o que imediatamente me deixou com um pé atrás. Mesmo assim, trocamos telefones e continuamos a diversão. E eu até confundi o nome dele, rsrs. Só que ele teve uma atitude que mudou toda a noite. Mudamos de lugar e, ao invés de prosseguir na “urgência sexual”, começamos um papo modesto, beijos carinhosos, tímidas carícias, tudo com certo receio. Logo estávamos a sós no meio de uma multidão, nos descobrindo lentamente e, falo por mim, gostando bastante da descoberta. Quando a noite acabou, o laço foi rompido e eu era só incerteza.

Acordei com boas lembranças, uma leve ressaca e uma angústia esquisita. Só restou as boas lembranças ao ver que ele já tinha ligado. Retornei. Ele queria me ver. Eu também queria vê-lo. Daí foi só deixar o fluxo do tempo e da sorte nos levar por um caminho de mais descobertas, várias semelhanças e muito carinho. No dia 21, por puro acaso, conhecemos as famílias um do outro (foi divertido e muito bom). No dia 22, sob insinuação direta do garotão, eu o pedi em namoro (com grande sucesso). No dia 24, a certeza e a declaração de estar apaixonado. Hoje, dia 31, faz exatos 15 dias que eu o conheci, já fizemos pequenos e tímidos planos em curto prazo e, de uma forma precoce, porém séria, firmamos um forte laço de compromisso (não, não é noivado ou coisa parecida).

Se é o certo ou se vai dar certo? Não foi rápido demais? Sinceramente eu não sei. Só sei que num período de boas mudanças e felicidades estáveis, ele é como uma “cereja no bolo”, como um presente adicional. Aliás, é como se fosse minha recompensa final. (que talvez eu nem mereça). E eu sei que é bom, verdadeiro e recíproco. A constante vontade de estar com ele e a saudade que eu sinto na sua ausência são provas de que, de alguma forma, ele tocou uma parte de mim que ainda estava totalmente inexplorada. E ele dá, a toda hora, sinais de cuidado e entrega.

Como eu estou bem, e ele me faz bem, então essas perguntas não me importam. Ainda bem... =)


11 de janeiro de 2010

O ROUXINOL E A ROSA


- Ela disse que dançaria comigo se eu lhe levasse rosas vermelhas - lamentou-se o jovem Estudante. - Mas, em todo o meu jardim, não há nenhuma rosa vermelha.

De seu ninho, no alto de um azinheiro, o Rouxinol o ouviu e, admirado, olhou por entre as folhas.

- Nenhuma rosa vermelha em todo o meu jardim - lamentou-se. E seus lindos olhos se encheram de lágrimas. - Ah, como é frágil a felicidade! Li tudo que os sábios escreveram. Sei de todos os segredos da filosofia. Mesmo assim, por falta de uma rosa vermelha, sou um desgraçado nesta vida.


- Enfim, um verdadeiro amante - disse o Rouxinol. - Noite após noite cantei canções em seu louvor, sem nunca tê-lo conhecido. Noite após noite contei sua história às estrelas e agora o vejo. Tem os cabelos escuros como a flor do jacinto e os lábios vermelhos como a rosa que lhe falta, mas a paixão deixou-lhe o rosto pálido como o marfim e a tristeza selou seu semblante.


- O Príncipe dará um baile amanhã à noite - murmurou o jovem estudante - e minha amada estará entre os convidados. Se eu lhe levar uma rosa vermelha, dançaremos até o alvorecer. Se eu lhe levar uma rosa vermelha, tomá-la-ei em meus braços e ela deitará a cabeça em meu ombro e em minha mão pousará a sua. Mas, não há rosas vermelhas em meu jardim. Por isso, eu me sentarei sozinho em um canto e ela nem tomará conhecimento de mim. Ela passará por mim sem me notar e meu coração se partirá.


- Aí está, de fato, o verdadeiro amante - disse o Rouxinol. - As canções que canto, ele as vive em sofrimento. As histórias com que me alegro são as de sua dor. O Amor é mesmo maravilhoso. É mais precioso que os diamantes e mais estimado que a mais fina opala. Pérolas e romãs não podem comprá-lo, nem se pode encontrá-lo nos mercados. Os comerciantes não o vendem e a balança não é capaz de medir seu peso em ouro.


- Os músicos se sentarão em suas galerias - disse o jovem estudante -, farão soar as cordas de seus instrumentos e minha amada dançará ao som das harpas e violinos. E ela dançará tão suavemente que seus pés não tocarão o chão. Os cortesãos, em seus trajes festivos, formarão rodas em torno dela. Mas, comigo ela não dançará, porque eu não tenho uma rosa vermelha para lhe dar.


Atirou-se então na grama, enterrou o rosto nas mãos e caiu em pranto.


- Por que ele está chorando? - perguntou um pequeno Lagarto Verde, ao passar ao seu lado com a cauda levantada.


- É. Por quê? - disse uma Borboleta, que voejava em busca de um raio de sol.


- É. Por quê? - sussurrou uma margarida a outra, a voz suave e delicada.


- Ele está chorando por uma rosa vermelha - disse o Rouxinol.


- Por uma rosa vermelha? - exclamaram. - Que ridículo atroz!


E o pequeno Lagarto, que era um tanto quanto cínico, caiu na gargalhada. Mas o Rouxinol sabia o segredo da tristeza do Estudante e pousou em silêncio no galho de um carvalho, refletindo sobre o mistério do Amor. De repente, ele abriu as asas castanhas e alçou vôo. Passou pelo pequeno bosque como uma sombra, e como uma sombra cruzou o jardim. No centro do gramado, havia uma bela Roseira. E, quando ele a viu, voou em direção a ela e pousou em um de seus ramos.


- Dê-me uma rosa vermelha - pediu - e eu lhe cantarei a mais bela canção.


A Roseira, porém, sacudiu a cabeça. - Minhas rosas são brancas - respondeu -, brancas como a espuma do mar e mais brancas que a neve que cobre a montanha. Mas vá ter com minha irmã que mora ao redor do velho relógio de sol. Talvez ela tenha o que você quer.


O Rouxinol então voou até a Roseira que morava ao redor do velho relógio de sol.


- Dê-me uma rosa vermelha - pediu - e eu lhe cantarei a mais bela canção.


A Roseira, porém, sacudiu a cabeça. - Minhas rosas são amarelas - respondeu -, amarelas como os cabelos da sereia que reina em seu trono de âmbar e mais amarelas que o narciso que floresce nos campos antes que o ceifador venha com seu alfange. Mas vá ter com minha irmã que mora embaixo da janela do Estudante.


O Rouxinol então voou até a Roseira que morava embaixo da janela do Estudante.


- Dê-me uma rosa vermelha - pediu - e eu lhe cantarei a mais bela canção.


A Roseira, porém, sacudiu a cabeça. - Minhas rosas são vermelhas - respondeu -, vermelhas como as patas das rolinhas e mais vermelhas que as grandes flores-de-coral que serpeiam nas profundezas do oceano. Mas o frio do inverno gelou minhas veias, a geada queimou meus botões e a tempestade quebrou meus ramos. Por isso, nenhuma rosa terei este ano.


-Tudo o que eu quero é uma rosa vermelha - desesperou-se o Rouxinol -, uma única rosa vermelha! Será que não há nenhum meio de conseguí-la?


- Há um meio - respondeu a Roseira -, mas é tão terrível que não ouso contar-lhe.


- Conte-me - disse o Rouxinol. - Não tenho medo.


- Se você quer uma rosa vermelha - prosseguiu a Roseira -, terá de cantar à luz do luar até nascer uma rosa, e tingí-la com o sangue de seu coração. Você terá de cantar para mim com o peito comprimido contra um espinho. Por toda a noite terá de cantar para mim com um espinho cravado no coração, até que o sangue que lhe dá vida corra em minhas veias e se torne meu.


- A Morte é um alto preço a se pagar por uma rosa vermelha - queixou-se o Rouxinol -, e a Vida é por todos estimada. Encanta-me pousar na verde relva e contemplar o Sol em sua carruagem de fogo e a Lua em seu rosário de pérolas. Doce é o perfume do jasmim; doces os lírios-do-vale e as magriças que desabrocham nas colinas. Ainda assim, o Amor é melhor que a Vida. E como pode o coração de um passarinho comparar-se ao de um homem?


Ele então abriu as asas castanhas e alçou vôo. Passou pelo jardim como uma sombra, e como uma sombra cruzou o pequeno bosque. O jovem Estudante continuava estirado na grama, onde ele o deixara, e as lágrimas ainda não haviam abandonado seus lindos olhos.


- Alegre-se - disse o Rouxinol -, alegre-se; você terá sua rosa vermelha. Cantarei à luz do luar até nascer uma rosa e tingí-la-ei com meu próprio sangue. Tudo que lhe peço em troca é que seja um verdadeiro amante, pois o Amor é mais sábio que a Filosofia (e quão sábia é ela...) e mais forte que o Poder (e quão forte este é...). As asas do Amor são da cor do fogo e, como o fogo, colorido é o seu corpo. Doces como o mel são seus lábios e seu hálito é como o incenso.


O Estudante, deitado na grama, levantou os olhos e ouviu, mas não entendeu o que o Rouxinol lhe dizia, pois não era capaz de compreender senão as coisas que se escrevem nos livros. O Carvalho, porém, entendeu. E se entristeceu, porque muito estimava o pequeno Rouxinol que um dia havia feito um ninho em seus galhos.


- Cante-me uma última canção - suplicou -, sentirei muita solidão quando você partir.


O Rouxinol então cantou para o Carvalho, e sua voz era como água vertendo de um jarro de prata. Quando o Rouxinol terminou sua canção, o Estudante levantou-se e sacou de seu bolso um caderno e um lápis.


Ele tem método - pensou o estudante, enquanto atravessava o pequeno bosque a caminho de casa - isso não se lhe pode negar; mas terá sentimento? Temo que não. Na verdade, ele é como a maioria dos artistas: sobra-lhe estilo e lhe falta sinceridade. E não se sacrificaria por outros, pois pensa apenas na música. Todo mundo sabe que a arte é egoísta. Não obstante, deve-se admitir que há belas notas musicais em sua voz. É uma pena que nada signifiquem e que de nada sirvam.


Entrou então em seu quarto, deitou-se em sua cama de palha e começou a pensar na amada. Um pouco depois, adormeceu.


E quando a Lua brilhou no céu, o Rouxinol voou até a Roseira e lançou-se de encontro ao espinho. Por toda a noite ele cantou com o espinho em seu peito, e a fria Lua de cristal inclinou-se e escutou. Por toda a noite ele cantou, o espinho cravando cada vez mais fundo no peito, até que seu sangue se exauriu.


Ele primeiro cantou o amor que nasce no coração de dois jovens. E no mais alto ramo da Roseira, uma linda rosa desabrochou. Uma a uma, as pétalas despontavam, assim como uma a uma soavam as canções. De início, a rosa era alva como a bruma que cobre o rio - alva como a face da manhã e cor de prata como as asas da aurora. Reflexo de uma rosa em um espelho de prata ou em uma lagoa de cristal, assim era a flor que nasceu no mais alto ramo da Roseira.


Mas a Roseira rogou ao Rouxinol que apertasse ainda mais o peito contra o espinho.


- Aperte mais, pequeno Rouxinol - disse a Roseira -, ou o dia nascerá antes que a rosa esteja pronta.


O Rouxinol então pressionou ainda mais o peito contra o espinho. E cada vez mais alto soava sua música, pois cantava a paixão que nasce na alma de um homem e de uma donzela. As pétalas coraram-se de um delicado tom de rosa, como o que cora a face do noivo quando ele beija os lábios da noiva. Mas, como o espinho ainda não atingira o coração do passarinho, o da rosa continuava branco, pois apenas o sangue do coração de um Rouxinol pode enrubescer o coração de uma rosa.


E a Roseira rogou ao Rouxinol que apertasse ainda mais o peito contra o espinho.


- Aperte mais, pequeno Rouxinol - disse a Roseira -, ou o dia nascerá antes que a rosa esteja pronta.


O Rouxinol então pressionou ainda mais o peito contra o espinho. E o espinho tocou seu coração, infligindo-lhe uma dor atroz. Cruciante, intolerável era a dor e cada vez mais frenética era a música, pois que ele cantava o Amor que a Morte torna perfeito, o Amor que no túmulo não morre. E a linda rosa era agora escarlate, como a rosa que nasce no leste. Escarlate era a coroa de pétalas e rubro como um rubi era o seu coração.


Mas a voz do Rouxinol ficou mais fraca. Suas asinhas começaram a bater e uma fina névoa embaçou-lhe os olhos. Cada vez mais baixo ele cantava, e sentia algo a lhe apertar a garganta. Então de seu peito irrompeu uma derradeira explosão de música. A Lua muito branca escutou-a e esqueceu-se da aurora, demorando-se no céu. A rosa vermelha escutou-a e, toda trêmula em êxtase, abriu suas pétalas no ar frio da manhã. Eco a conduziu até sua púrpura caverna nas colinas e acordou de seus sonhos os pastores adormecidos. Ela flutuou por entre os juncos do rio, que levaram sua mensagem ao mar.


- Veja! Veja! - exclamou a Roseira - A Rosa está pronta.


Mas, o Rouxinol nada respondeu, pois jazia morto no gramado com o espinho cravado no coração. Ao meio-dia, o Estudante abriu a janela do quarto e espiou lá fora.


- Ora essa! Que sorte incrível! - exclamou - Uma rosa vermelha bem aqui! Nunca vi uma rosa como esta em toda minha vida. É tão deslumbrante que certamente deve ter um nome bem comprido em latim.


Então inclinou-se e arrancou a flor. Depois colocou seu chapéu e, com a rosa na mão, correu até a casa do Professor. Sentada à porta com seu cachorrinho deitado a seus pés, estava a filha do Professor, enovelando um carretel de seda azul.


- Você disse que dançaria comigo se eu lhe trouxesse um rosa vermelha - lembrou-lhe o Estudante. - Aqui está a rosa mais vermelha do mundo. Você vai usá-la junto ao peito esta noite e, quando estivermos dançando, ela lhe dirá quão grande é o meu amor por você.


A garota franziu as sobrancelhas.


- Não creio que ela combine com meu vestido - respondeu. - Além disso, o sobrinho do Tesoureiro da Cidade enviou-me jóias de verdade. E todo mundo sabe que jóias custam muito mais que flores.


- Palavra de honra que você é muito ingrata - disse o Estudante, nervoso. E atirou na rua a rosa, que foi parar na sarjeta, onde acabou esmagada pela roda de uma carroça qualquer.


- Ingrato! - exclamou a garota. - Sabe de uma coisa? Você é muito grosseiro. Além do mais, não passa de um Estudante. E nem ao menos usa sapatos com fivela de prata, como os do sobrinho do Tesoureiro. Inacreditável!

- Levantou-se então da cadeira e voltou para dentro de casa.


- Que tolice é o amor - refletiu o Estudante, enquanto retornava. - Não tem nem a metade da utilidade da Lógica. Além de não provar coisa alguma, está sempre iludindo as pessoas e fazendo-as acreditar em inverdades. Com efeito, não tem praticidade alguma. E, como hoje em dia praticidade é tudo, voltarei à Filosofia, vou estudar Metafísica.


De volta ao seu quarto, o Estudante retirou da prateleira um grande e empoeirado livro e começou a ler.

[...]

“O Rouxinol e a rosa” é um dos contos do livro “Histórias de fadas”, publicado pela primeira vez em 1888 por Oscar Wilde. Ele escreveu um livro de contos infantis para os próprios filhos e sua intenção era mostrar, além dos príncipes, gigantes e rouxinóis, a vida como ela é e como deve ser vivida.

Conheci este conto na época da escola, e nunca me conformei com o seu desfecho lamentável. Agora, com um pouco mais de experiência de vida, pensei sobre os personagens dela e te convido refletir junto comigo:

1- Como o Estudante, existem pessoas que desistem ante a primeira dificuldade e, mesmo quando conseguem resolver seus problemas, exigem dos outros valorização e esforços que eles mesmos nunca tiveram, fizeram ou experimentaram. São pessoas fracas.

2- Como os Animais, existem pessoas que ridicularizam o sofrimento alheio sem sequer tentar entender. São pessoas levianas.

3- Como a Roseira das rosas vermelhas, existem pessoas que nos ajudam em gigantescas necessidades. E que às vezes nos solicitam sacrifícios em troca de grandes recompensas, e sempre que possível nos dão a oportunidade de escolher. São bons amigos.

4- Como a Filha do professor, existem pessoas que nos exigem muito, mais do que podemos conseguir e que sequer pensam em retribuir. E mesmo quando suas exigências são cumpridas, novas exigências são feitas, nada as satisfaz. São pessoas egoístas e ingratas.

5- E finalmente, como o Rouxinol, existem pessoas que estão prontas pra lutar por aquilo que consideram verdadeiramente nobre: o amor, a justiça, o caráter, o bom-senso, etc. Lutam apaixonadamente mesmo que grandes sacrifícios sejam necessários. São as melhores pessoas que eu conheço!!!

Quantos Estudantes, Animais, Roseiras, Filhas e Rouxinóis existem em sua vida? Reflitam.

9 de janeiro de 2010

2010


Aviso: o texto a seguir não possui a coerência nem a coesão lineares que eu tento sempre preservar por ser um costume e uma auto-exigência. Além disso, o texto está repleto de metáforas, mas com essas vocês já estão bem acostumados. Este post é parte da minha necessidade de mudanças. Obrigado!

A minha vida estava um CAOS e eu sabia disso o tempo todo. Eu só tentava dar outros nomes a esse caos, como “depressão”, “derrota” e “fundo do poço” (lembra?). Daí, quando eu me conscientizei da existência e persistência do caos, resolvi adiar minha reação a ele pra 2010, e eu mudaria a minha vida. Eu mesmo já sabia dessa necessidade de mudar desde os últimos dias de 2009, na semana do Reveillon, mas ainda assim, resolvi adiar pra 2010. Os humanos têm essas idéias esquisitas e malucas de que a mera mudança de um ano pode trazer mudanças de vida... E o pior, traz sim! Mudar de ano significa que uma série de coisas precisam acontecer de novo, sobretudo datas e épocas, e essa repetição nos traz uma espécie de oportunidade pra mudar e até melhorar nossas escolhas e atitudes. É como se a mesma data necessitasse de novos significados ou novas representações...

Acontece que o alerta do caos instalado na minha vida veio de onde eu menos esperava e da pessoa menos indicada: o infeliz que fez do meu fim de ano um inferno glacial monocromático e monótono. Exatamente, o rapaz que me deu uma rasteira, me derrubou e me deixou totalmente no chão. O mais irônico, e até engraçado, é que as palavras dele foram tão eloqüentes que por pouco eu não mudei minhas próprias ideologias. Foi como se ele tentasse me convencer de que a culpa por eu ter caído não era dele; ele apenas deixou o pé no meio do caminho, “acidentalmente”; o errado tinha sido eu, que passei “distraidamente” no lugar e na hora errada e acabei tropeçando no pé dele. Mas eu sei (e você também deveria saber) que não é certo deixar o pé no meio da passagem, a menos que a intenção do ato seja EXATAMENTE derrubar alguém. E fica a dúvida: eu sou assim tão masoquista pra me permitir tropeçar no pé no meio do caminho ou ele precisava sustentar seu ego sabendo que ainda era capaz de derrubar alguém? Eu até acredito em ingenuidade, mas não acredito na inocência de quem é inteligente e/ou bem experiente.

Bem, se é que existe alguma coisa boa nisso tudo, é que o indivíduo acima me imunizou com dicas de como não tropeçar em pés, pedras, tijolos, raízes, calçadas e afins no meio do caminho. E também me mostrou que o meu caos era totalmente reversível. E sendo assim, eu usei os últimos dias de 2009 pra programar toda a mudança no meu life style, que aconteceria em 2010. E acreditem: eu mal bradei com orgulho sobre os meus planos, com uma sucessão de mudanças que aconteceria e 90% daqueles que me cercam duvidaram de mim. “Tu vai mudar Alysson? Duvido, você não vai conseguir...”.

Um dia um “babaca” disse: o homem um dia poderá voar. E esse babaca foi ridicularizado e desacreditado. Hoje, os babacas são aqueles que ridicularizaram e desacreditaram Santos Dumont, right? Sim, porque ele conseguiu provar que estava certo enquanto os outros (os babacas) foram esquecidos. E é esse o exemplo que eu quero pra mim. Por isso dei um banho de sal grosso nos meus planejamentos, me imunizei contra o mau olhado alheio e voilà! Dei os primeiros árduos passos em direção à mudança, passos que servirão como sofrimento e expiação necessárias, até porque assim eu tenho a impressão de que as coisas em breve irão melhorar. Objetivos finais perfeitos requerem esforços pesados e imediatos, então eu preciso apenas me concentrar nos objetivos (afinal, os fins justificam os meios).

Em breve não haverá mais pés e pedras no caminho. Porque depois que todas as minhas modificações e todos os meus esforços estiverem concluídos, caminhar estará totalmente abaixo das minhas capacidades. Sim, como Santos Dumont, eu quero de fato voar! Let’s go!!!