Eu fui riscando um após outro da lista, e foram muitos. Com os erros passados, a gente tem uma noção média de quem quer e quem definitivamente não quer por perto. É bem verdade que existe um lado cruel nisso, afinal, dizem que é feio jugar as pessoas por quem conhecemos no passado, não é mesmo? O fato é que existem incompatibilidades (algumas absurdamente óbvias) e critérios esquisitos e completamente inexplicáveis que criamos... e que seguimos, sendo cruéis ou não.
Restaram poucos entre os "aptos", ou potencialmente aptos, pelo menos. Infelizmente, eles estão ocupados, ou desinteressados, ou moram longe, ou estão comprometidos, ou são heterossexuais, ou são tímidos, ou uma série de outras explicações para definí-los como "indisponíveis". Eu tentei muitas, várias vezes e cansei. Vejam só, aos 24 anos (quase 25) e já estou cansado de tentar: faz bastante tempo que eu decidi que o próximo homem para quem eu entregaria aquelas 3 poderosas palavrinhas deveria ser cuidadosamente escolhido sem as variáveis que impedem uma boa seleção; carência, pressão social e opinião alheia, entre as principais delas.
De longe, parece que eu estou em busca da perfeição, um novo modelo ou uma nova justificativa pra me agarrar ao sonho do "príncipe encantado do cavalo branco". Tolice. De perto, os que me conhecem sabem que eu busco exatamente o oposto: defeitos. A parte fácil disso é que pra minha religião (considerada maluca por muitos) sequer acredita que os deuses são perfeitos, quanto mais os homens. Eu busco algo meio raro: defeitos em equilíbrio, defeitos que eu consiga engolir, mesmo que a seco.
Faz realmente muito tempo que eu enxerguei verdadeiramente o fato de estar junto de alguém como uma possibilidade, não uma certeza, menos ainda uma necessidade. Isso não mudou nem um pouco dentro de mim, mas não é todo dia que estamos fortes o suficiente pra sustentar o peso das nossas decisões e a perseguição das consequências destas. Hoje é só mais um dos vários desses dias em que a noite chega, o sono demora a vir e o pensamento acaba voando pra zonas obscuras e intocadas durante o dia-a-dia, pra cutucar nossas fraquezas e despertá-las. E ainda virão outros, com certeza. Nesses dias, é oportuno lembrar que foi fácil riscar a grande massa de pretedentes da lista; ser "riscado" por quem você selecionou é que acaba sendo difícil. Dói, fere o ego, desequilibra seu senso de "convicções".
Nesses dias obscuros, fica compreensível algumas formas de "suicídio moral" que eu cometo: beber demais (pra ficar mal mesmo), fumar, buscar sexo gratuito, comer e dormir em horários totalmente irregulares. Parece que causar a si mesmo dor física e emocional – a resaca moral – maior do que a dor da solidão ajuda a desviar a atenção desse "problema maior". Perfeitamente aceitável, totalmente ineficiente.
E no fim deste chato desabafo às 4:00 AM da madrugada, fica a semi-decisão de ignorar a lista, os riscados e os indisponíveis. Chega de perder tempo criando modelos de "Concurso seleção para ocupar a vaga no coração do Alysson" e critérios pra toda essa porra. As resoluções dos meus problemas emocionais nunca foram fáceis na minha vida mesmo, tá passando da hora de eu me acostumar.
OBS: abaixo a canção que eu uso pra ninar a mim mesmo. Uma espécie de "ei, você: gostaria de cantar esta música pra mim?".