8 de fevereiro de 2010

CARTA À PRIMEIRA (E ÚNICA) MULHER DA MINHA VIDA


Seu bebê cresceu querida. 22 anos e alguns meses modificam um bocado as pessoas. Ou nem tanto. Mas se houveram mudanças, ninguém melhor que você (dentre todas as pessoas do mundo) para percebê-las. Você, aquela que eu sempre esqueço a necessidade de chamá-la pelo nome, pois não há palavra tão bela e com significado tão próximo de “amor” do que a que eu uso pra te chamar: MAMÃE.

Eu não lembro desde quando te conheço. Não sei quantas vezes te disse “te amo”. Não sei quantas vezes achei que te odiava (fique tranqüila, foi por minutos, no máximo horas). Não tenho idéia de quantas vezes te magoei, quantas vezes te orgulhei, quantas vezes te abracei... mas se eu pudesse escolher uma pessoa, somente uma, para entregar a minha vida, seria você. Sem dúvidas.

Mas seu bebê cresceu. Tem barba (ou um projeto de barba). Está formado. É bem inteligente, saudável, bonito (e foi você mesma quem me convenceu disso), tem bom caráter e, sobretudo, é ético. Um partidão, né? Nem tanto. Seu “bebê” tem defeitos, medos, dúvidas, incertezas, vergonhas, instabilidades; seu bebê ainda chora. Seu filho tem problemas que só o teu colo já não pode mais resolver. Seu filho pensa parecido com você em muita coisa, mas em várias outras, tem opiniões completamente diferentes da tua. Seu filho faz planos que você nem imaginaria, e que talvez você nem gostaria que se realizassem (tipo a minha futura tatuagem). E ainda assim, eu cresci e mudei. E continuo te amando, muito, sempre, hoje mais do que ontem e menos que amanhã.

Mãe, eu lembro de muita coisa. Lembro de quando você me deu o meu primeiro vídeo-game. Das vezes que você se divertia comigo aprontando no quintal de casa. Das viagens pra Belém e São Luís, durante minha infância. Ainda lembro da primeira vez que você me protegeu durante o medo que eu tinha de cães. Lembro de quando você descobriu minha aracnofobia. Lembro das inúmeras tardes que passávamos vendo os álbuns de infância. Lembro de quando íamos ao parque de diversões. Eu lembro também de bobagens, como quando você tentou esconder de mim o parto da minha gatinha de estimação me fazendo ouvir Xuxa. E de quando eu tentei espiar você e papai na cama. E de quando você encontrou as embalagens dos bombons que eu roubava da lojinha lá de casa. Lembro de como você ficou desapontada quando eu fiquei de recuperação pela primeira vez, na 6ª série. E do seu orgulho quando eu lutei sozinho e consegui entrar na melhor escola da cidade. E eu lembro da felicidade que você sentiu por eu ter te escolhido como minha madrinha de formatura na escola e também na da faculdade. E você sempre esteve linda, radiante, sorridente, forte. Lembro das vezes em que você me apoiou, como quando eu não conseguia parar de fazer xixi na cama (até os 13 anos). E de quando finalmente você entendeu que seu filho é gay e o que exatamente isso significa. E o apoio que você me deu. E de quando conversamos abertamente pela primeira vez sobre isso, quando você me levou de carro para eu terminar com o meu primeiro namorado. E de como você tratou bem e carinhosamente o meu atual namorado. E eu lembro das suas lágrimas, quando eu mudei para a capital e você continuou sozinha na sua vida e naquela cidadezinha. Lembro de como você ficou feliz ao saber que iríamos morar juntos de novo. Eu lembro, sinto e jamais esquecerei.

Não esquecerei seus valores, sua responsabilidade, sua força, seu amor, sua honestidade, sua confiança, sua estabilidade, sua fé. Não esquecerei da nossa constante e forte cumplicidade. Não esquecerei que uma enorme parte do que eu sou é produto daquilo que você me ensinou a ser. E existe muito de você em mim, muito mais do que seus genes ou seu sobrenome.

Portanto, minha mãe, meu amor, perdoe-me por cada ofensa, cada decepção, cada lágrima sua derramada por minha causa, cada briga, cada indiferença. Perdoe-me pelas grosserias que eu cometi, pela falta de suficientes demonstrações de amor. Perdoe-me pelo muro que eu tentei criar entre nós dois durante minha depressão, e que você, pacientemente, removia tijolo por tijolo, sem nunca desistir de mim. E obrigado por tudo. Pelos acertos e pelos erros, sempre recheados de intenções de acertar. Obrigado pelos presentes, pela criação, pelos mimos, pelo amor. Sou completamente orgulhoso do que me tornei e devo grande parte do que sou a você. Hoje e sempre. Por isso: MUITO OBRIGADO!!!

FELIZ ANIVERSÁRIO MAMÃE!!!
TE AMO INFINITAMENTE!!!

P.S.: Pra mim não existe melhor pessoa no mundo do que você, Mãe. TE AMO!!!

OBS: esta postagem deveria ter sido feita no dia do aniversário da minha mãe (05/02), mas a pós-graduação não permitiu. Sorry mom...

7 comentários:

Cris Medeiros disse...

Ahhh que lindo!

Mãe é especial na nossa vida mesmo! Eu amo demais a minha com todas as nossas divergências...

Ela leu esse relato tâo bonito?

Beijocas

Alysson disse...

Ah é, faltou dizer isso: ela leu sim e correu pra me abraçar, morrendo de chorar. Foi lindo! ^^

Autor disse...

Achei a coisa mais linda do mundo.
Se tua mãe leu, se emocionou!

(e me lembrou que tenho de ligar pra minha! fazendo isso AGORA)

Alysson disse...

OBS: queridos Jay e Alê, Paulo Braccini e Laisse Faire, acidentalmente deletei seus comentários do blog (numa tentativa frustrada de deletar um coment repetido). Desculpem mesmo pela mancada... mas eu li os comentários e só agradeço a atenção e o carinho!!!

OBS2: a minha mãe leu também os comentários e mandou beijo pra vocês! =D

Paulo Roberto Figueiredo Braccini - Bratz disse...

imagine querido ... não se aflija ... tb já dei um nó deste tipo ... rs

bjux

;-)

O Gato de Cheshire disse...

Olá, querido...

Vim agradecer pelo comentario no blog e por ter se tornado meu seguidor... E ai li essa postagem liiiinda, que achei uma delicia... Acho lindo qdo vejo toda essa manifestação de carinho e gratidão ao amor materno, ganhou muitos ponto comigo... Volte sempre ao Yag...

Bjus

Unknown disse...

Que supimpa que sua mãe leu!! E já virei fã dela. E de você. :-)