17 de julho de 2010

SABEDORIA


Na vida eu tive muitos professores. Professores da escola, professores da faculdade, professores de natação, professores-amigos, professores de todos os tipos. Mas de um tipo específico de professor, eu tive bem poucos: professor de vida.

Meus pais não me ensinaram muita coisa sobre a vida, eles estavam preocupados demais em manter minhas notas altas, em manter meu comportamento social dentro do normal e, sobretudo, em me manter quieto dentro de casa. Talvez por isso eles nem se importassem tanto quando eu passava de 15 a 18 horas por dia plantado na frente de um vídeo-game ou computador... exceto quando a conta de energia vinha alta, claro Eles também não se importávam com minha vida social quase inexistente... a sexual então, nem se fala! Além disso, tudo o que eles insistiam em me ensinar já era exaustivamente repetido por outras pessoas, com mais freqüência por tios ou pelos professores da escola. Não é meu papel aqui questionar a educação que eu recebi de pais, professores e parentes, apesar de eu considerá-la moralista e hipócrita em uma série de aspectos, mas sim exaltar esses poucos “professores de vida” que eu tive.

Na falta de gente capacitada pra me ensinar como viver adequadamente, eu tive que aprender sozinho por muito tempo, e confesso que nem fui tão bem. Até que a própria vida botou dois amigos-professores na minha frente: o Laisse Faire e a Danone.

A Danone me ensinou a não julgar, foi a primeira grande lição que eu tive dela. Aos poucos, ela me ensinou o real valor de um amigo, de um jeito que eu não entendia antes. Ela me ensinou na prática o que eu já havia lido no Pequeno Príncipe: tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas. Depois ela me ensinou a fazer o bem, não somente pra “ir pro céu” ou esperando qualquer espécie de retorno. A Danone me ensinou inúmeras vezes a perdoar. E me ensinou que independente de como a sua família te trate, ela sempre será a sua família e você deve preservá-la (ou pelo menos tentar bastante) antes de somente julgá-la ou abandoná-la. Ela me ensina a cada dia a jamais desistir e a entender que nada do que você enfrenta é maior do que a sua capacidade de sobreviver. Ela me ensinou algo que eu havia perdido há anos: o significado de Deus, de religião, de espiritualidade, de fé e a importância disso na vida. E por fim ela me ensinou que não importa o quanto os seus problemas podem ser gigantescos, sempre haverá alguém com problemas maiores ou mais devastadores que o seu. E por mais incapaz e impotente que você esteja em relação aos problemas de quem você ama, um mero abraço, uma palavra de conforto ou um simples ouvido e ombro amigo podem fazer a diferença entre tudo e o nada.

O Laisse Faire, antes de ser sequer o meu amigo, me ensinou a ter paciência, e talvez ele nem saiba como fez isso. Ele foi a primeira pessoa com quem eu falei de minha sexualidade, antes de eu sequer aceitá-la, e ele ainda nem era meu amigo. E depois ele me ensinou a não ser odioso, a enfrentar problemas, a viver de cabeça erguida e a entender que não se deve levar as coisas, as pessoas e nem a vida tão a sério. E aí sim ele tornou-se o meu amigo. E mesmo vacilando algumas vezes comigo, ele acabou se fixando de uma forma totalmente permanente na minha vida. Foi ele quem melhorou meus hábitos de leitura e meu gosto musical. O Laisse Faire me ensinou que não basta rir, é necessário rir com um mínimo de inteligência, mesmo com a maior bobagem da humanidade. E ele, de uma maneira esquisita, me ensinou que o silêncio e a distância podem ser valiosos nos momentos certos, e que as coisas contraditórias não são exatamente ruins. O Laisse Faire me ensinou que amar não deve ser feito de forma leviana, que não se pode enganar o seu coração e que, mesmo que alguém te deixe em pedaços, ainda é possível viver, sobreviver, superar-se e ser feliz novamente, sendo capaz de rir das próprias histórias do passado e convivendo amistosamente com quem já te ofendeu ou te magoou.

A esses dois queridos amigos, eu só devo a maior gratidão, a maior consideração, um real sentimento de admiração, de companheirismo, de amizade e de uma ternura irônica e divertida. Obrigado de verdade por entrarem na minha vida, por me ensinarem mais do que eu merecia e por se manterem ao meu lado em toda hora. Eu não costumo falar isso publicamente, mas eu definitivamente AMO vocês!

OBS: abaixo, uma breve homenagem à Danone e ao Laisse Faire, respectivamente, músicas que eu simplesmente não consigo ouvir sem associar ao contexto desses dois grandes amigos!


ACCIDENTALY IN LOVE - COUNTING CROWS



LUZ DOS OLHOS - CÁSSIA ELLER

Um comentário:

Paulo Roberto Figueiredo Braccini - Bratz disse...

parabéns a vc e aos seus amigos Danone e Laisse ... belo testemunho ... amizades verdadeiras passam por aí ...

bjux

;-)