3 de março de 2011

WALK AWAY


Evolução: é o mínino a se esperar dos vivos, embora não seja uma regra pra todos. Hoje eu me peguei "curtindo" um dos piores dias da minha vida ao som de boa música, divertida, animada e no mais alto volume. Até cumprir a minha rotina básica foi fácil.

Em tempos não tão distantes, dias ruins eram sinônimo de um "eu" quieto, apático, cinzento, calado, sombrio e às vezes até choroso. Dias ruins eram "comemorados" ao som de música baixinha e invariavelmente triste, anorexia, sono exagerado, descuido total da saúde, da higiene e da vaidade.

Sendo assim, quando esse antigo eu morreu? Que marcas ele deixou? Quanto de mim ele levou ao ser destruído? Até que ponto isso pode ser considerado algum tipo de evolução? E pior: até que ponto esse novo "eu", frio, que eu me tornei pode esconder os muitos pedaços espalhados por trás de uma casca sorridente?

Yeah! I'm walk away... e eu ainda não sei quando vou parar.

29 de outubro de 2010

FOGOS DE ARTIFÍCIO


Eu não estou postando este clipe porque a Katy Perry é uma diva pop, ou porque o clipe foi lançado ontem ou porque toda a massa GLBT (principalmente a G) já viu, aprovou (ou não) e já decorou toda a letra da música e a música. Não, também não tem nada a ver com o beijo gay. Eu detesto modinha e, apesar de adorar sim a música pop, eu não gosto da forma como ela é supervalorizada atualmente, sendo uma fútill substituta da cultura decente. Mas a Katy realmente me surpreendeu com este novo clipe.

Eu já ouvi todo o novo CD dela e já conhecia a letra de “Firework” (fogos de artifício). Eu já gostava da música e já havia captado a mensagem por trás da letra. Quando soube que seria o próximo single do CD, bateu ao mesmo tempo uma satisfação e um medo: será que o clipe vai ser tão bom quanto a letra e a melodia da música? E olha só que bela surpresa... veja você mesmo(a):



Katy Perry e sua equipe conseguiram demonstrar uma postura positiva, de enfrentamento dos seus medos e preconceitos, de visibilidade externa dos nossos problemas, de otimismo e recomeço, de atitudes capazes de mudar a sua realidade. A sensação que dá é literalmente de explodir como um fogo de artifício, reunir sua luz interior e deixar que ela brilhe. O efeito visual  de cada caso do clipe é 100% contagiante e me emocionou de verdade em todos eles. Simplesmente fantástico, totalmente auto-explicativo, sem um pingo de mensagens clichê ou no estilo auto-ajuda!

Finalmente a Katy destacou-se por uma mensagem que realmente faz a diferença, e não por ser a menina que beijou outra garota numa festa ("I kissed a girl") ou por querer espiar o pinto alheio ("Peacock"). Firework foi tão tão brilhante que me injetou toda essa positividade por no mínimo uma semana e eu não quero parar de ver e ouvir tão cedo!

Parabéns e obrigado de coração, Katy Perry!


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PS: Aos interessados, tem letra e tradução clicando aqui.

OBS: “Fourth of July” ou 4 de Julho, é o dia da independência dos EUA (país da Katy Perry), e por lá esse dia é comemorado de forma similar ao Réveillon, repleto de fogos de artifício... =)

28 de outubro de 2010

PENSAMENTOS CONFUSOS


Meus amigos e conhecidos vivem dizendo que eu deveria ter feito Psicologia, e não Fisioterapia. Motivo: sou bom em dar conselhos. Assim como a Dama costuma dizer, detesto frases prontas, do tipo “vai ficar tudo bem” e “o que tiver que ser, será”. Quando aconselho alguém evito ser eufemista ou clichê, tento ser o mais direto e reflexivo possível. Tento fazer o sujeito enxergar os problemas e complicações da forma mais prática e realista, sem dramas, estimulo a pensar no que foi ou está sendo feito de errado (causa) e no que pode ser feito pra resolver tudo (possível solução). Tem algum segredo nesse processo?! Nenhum! Se eu sou um “bom conselheiro”, isso nada tem a ver com Psicologia, que é algo profissional, sério e muito importante (e que eu admiro bastante!). É uma visão matemática e lógica das coisas. A questão é que os problemas que eu costumo aconselhar são relativamente fáceis, corriqueiros ou bem conhecidos. Mas isso é só meia verdade...

Refletindo bem sobre o assunto, a verdade é que os problemas que eu me arrisco aconselhar são realmente muito fáceis e, sendo mais sincero, é muito fácil dar pitaco nos problemas alheios, vendo todos os fatos e atos em 3ª pessoa. Mas quando os problemas são nossos, aplicar o modelo de procurar causas e encontrar soluções deixa de ser algo tão matemático e lógico e torna-se algo nada prático ou rápido. Problemas grandes exigem grandes períodos de reflexão e, no meu caso, de introspecção – pra não falar isolamento quase total. E outros problemas, mesmo pequenos e com soluções existentes ou não, podem não ser práticos ou fáceis por exigirem de nós um preço alto demais. Exemplo: um dos amigos mais inteligentes, racionais e diretos que eu conheço, nesta manhã, foi ao velório da própria mãe sendo hoje o seu aniversário. Não existe conselho no mundo que possa sequer aliviar a dor dele. Não existe mente prática ou racional que seja capaz de encontrar soluções pra essa situação, simplesmente porque a solução não existe (e aí sim, a Psicologia tem muito o que fazer). E isso é um alerta ao constante egocentrismo humano: seus problemas não são os maiores, suas dores não são as piores...

Desviando, mas nem tanto, o assunto, ontem voltei a ouvir Gabriel, o Pensador, um verdadeiro exercício de auto-crítica e reflexão social. Gabriel, que faz juz ao seu título de “Pensador”, é um sujeito extremamente politizado e um verdadeiro bom-conselheiro, num nível mais amplo, de um jeito que eu nem me imagino sendo igual. E isso me faz pensar no quanto eu sou ineficiente pra resolver os problemas que afetam grandes grupos ou todas as pessoas, sobretudo os políticos e sociais. Num balanço entre “o que eu posso fazer” e “o que eu faço de fato” pra tornar o mundo um lugar melhor, não existe nenhum equilíbrio. E isso me bota pra baixo, sobretudo quando vem associado ao fato de que ultimamente eu estou sendo um incompetente em resolver alguns problemas pessoais. A sensação chega a ser de impotência. Espero um dia ter a maturidade, a atitude, a sabedoria e os recursos necessários pra ser um sujeito mais politizado e atuante. Preciso parar de pensar que sendo rico e bem sucedido e indo morar na Europa, as coisas se resolveriam.

E voltando ao começo do post, eu realmente pretendo estudar Psicologia ou Psicanálise, mas entendo muito bem o porque eu escolhi Fisioterapia: é muito mais fácil, rápido, prático e eficiente tratar dos problemas do corpo do que os da mente. Mas no fundo, eu sei que não dá pra separar uma coisa da outra, principalmente porque é impossível passar quase 1 hora de atendimento completamente mudo diante de um humano com dores e problemas.

É, as vezes eu deveria mesmo é pensar menos, censurar meus pensamentos confusos e sem rumo...

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25 de outubro de 2010

EU ME ARREPENDO...


Eu não sou um modelo pra absolutamente ninguém e detestaria ser. Tenho uma penca de defeitos contra os quais luto progressivamente para contê-los ou modificá-los (pra não dizer cortá-los). Metade do eu digo que sou (aqui no blog, no twitter, na vida) é exatamente o que eu sou o tempo todo: nem todo dia é um bom dia e meu humor não é algo lá muito estável. Por isso me arrependo de certas coisas que fiz ou deixei de fazer, apesar de acreditar que todo aprendizado é válido e que mesmo as piores experiências tem a sua razão!

Meu primeiro e maior arrependimento é ter sido por muito tempo da minha vida um completo babaca, piegas, certinho demais, preconceituoso, hipócrita, arrogante, anti-social, enfim, um merda. Tinha um senso de superioridade (sem um pingo de motivos pra ser “superior” de fato) que me fazia acreditar plenamente que era o dono da razão. Não me divertia, não dançava, não bebia, não saía de casa, tinha pouquíssimos amigos, não tinha vida social nem sexual; julgava tudo e todos da minha posição “elevada” e acreditava que todo mundo iria pro inferno (menos eu mesmo, claro) e que eu jamais mudaria de opinião. Ainda bem que eu estava errado, ainda bem que eu mudei e hoje sou a prova de que o sistema da manipulação social falha...

Me arrependo de só ter dado atenção necessária ao mercado de trabalho tarde demais. Só fui me preocupar com possibilidade (muito provável) de ficar desempregado quando eu já estava saindo da faculdade, sendo que o seu marketing pessoal e profissional deve ser feito muito antes. O resultado previsível é o meu desemprego prolongado, fato que só piora devido à saturação profissional na minha área...

Me arrependo de ter demorado demais pra começar namorar, demorado mais ainda a namorar com meninos, de ter me fechado pro amor, de ter desacreditado que relacionamentos podem sim acontecer e serem bons na medida em que se reconhece as próprias limitações e as do outro também.

Me arrependo de ter praticado a falsa arte de forjar amizades, já fui adepto dessa mania de forjar situações pra me aproximar de pessoas que eu considerava interessante, tudo artificialmente. Era algo que hoje eu considero doentio: incluía fuçar a vida do indivíduo para depois listar seus interesses e gostos, arranjar um jeito de conviver com ele, demonstrar “coincidentemente” o quanto éramos parecidos e oferecer à ele exatamente o que ela iria gostar. Isso só prova o quanto eu era anti-social e incapaz de criar laços reais com naturalidade. As poucas amizades dessa época da minha vida são um presente de pessoas que, no fundo, acreditavam que um Alysson legal existia dentro de mim...

Me arrependo de já ter beijado (y otras cositas más!) rapazes nem tão bonitos, nem tão interessantes, nem tão inteligentes, enfim, insuficientes pra mim. O arrependimento nem é pelo ato em si, mas sim pelos motivos por trás dele: carência, baixa auto-estima, necessidade de auto-afirmação, excesso de álcool associado à baixa capacidade de avaliação... ou seja, um verdadeiro descontrole emocional afogado numa postura nada segura ou saudável.

Me arrependo de ter permitido que meu primeiro namorado me sustentasse em toda e qualquer despesa minha enquanto eu estava com ele, embora eu só cedesse após grande relutância. Talvez isso tenha sido um dos motivos que o fizeram acreditar que as coisas poderiam ficar bem quando, na verdade, nunca estiveram. Me arrependo também de ter praticamente sustentado o meu segundo namorado, o que acabou me privando de beber, comer, sair ou me divertir quando a minha grana não era suficiente pra nós dois. Acho lamentável existir dependência financeira forçada de qualquer lado num relacionamento e não pretendo admitir isso nos meus futuros namoros.

Me arrependo de ter sido leviano com os sentimentos alheios. Me arrependo de ter afastado alguns amigos da minha vida por terem pontos de vista muito diferentes, numa época da minha vida em que acreditava que diferenças eram letais... hoje eu sei o quanto elas são saudáveis e importantes. Me arrependo de ter economizado grana demais e também de ter esbanjado demais nas horas erradas. Me arrependo de não ter convencido minha mãe em trazer com a gente o meu amado cãozinho quando nos mudamos. Me arrependo de não ter dito tudo o que devia às pessoas que mereciam (e precisavam) ouvir.

Arrependimentos bobos, outros nem tanto. C'est la vie...

21 de outubro de 2010

DOIS PESOS, DUAS MEDIDAS


Um pensamento intrigante me tirou o sono ontem de madrugada: você já parou pra pensar que seus sentimentos por alguém dificilmente são retribuídos da mesma forma, em níveis de “quantidade” e “importância” equivalentes? Se você discorda, observe cada caso, pois eu não me referi exclusivamente a relacionamentos. Aplique o auto-questionamento acima entre você e seus conhecidos, seus amigos, seus colegas de trabalho/estudo, seus familiares, etc. É raro que alguém tenha consideração, respeito, sentimentos, afinidade e grau de importância equivalentes ao que você oferece a esse alguém. E não, isso não é uma crítica específica a alguém, nem a você e nem às pessoas de uma forma geral, mas sim uma observação que vale a pena ser feita.

Na balança sentimental e social, equivalência é uma coisa rara, geralmente são “dois pesos e duas medidas”. E isso não acontece porque a maioria das pessoas é ingrata ou mau-caráter. Na verdade, as particularidades individuais influenciam poderosamente naquilo que é ou não relevante pra nós. E por mais que você ofereça constantemente aos outros aquilo que acredita ter grande valor, estes podem ter uma opinião de valores bem diferente da sua. Acredite!

Exemplificando: eu tenho 4 “melhores amigos”, amigos de verdade, amigos que estão em níveis iguais de importância acima dos demais. São duas mulheres (A e B) e dois homens (C e D).

A amiga “A” é a minha primeira amiga, conheço-a desde que eu tinha cerca de 5 ou 6 anos. Com ela eu vivi situações de aprendizado que datam da época escolar até os dias de hoje. Nos entendemos e comunicamos numa mera troca de olhares. Enfrentamos preconceitos juntos na infância/adolescência: eu por ser magricelo, ela por ser gordinha, ambos por sermos “inamoráveis”. Agora, adultos, enfrentamos novos preconceitos juntos: eu por ser gay, ela por ser bi (a única bi genuína que eu conheço!). Tivemos criações muito similares, temos valores muito parecidos, crescemos juntos, obviamente, temos muito em comum. Ela é a minha melhor amiga e eu sou o melhor amigo dela. Tenho absoluta certeza (diariamente e pessoalmente confirmada) de que ela tem por mim a consideração, o amor, o respeito, os sentimentos, a afinidade e o grau de importância exatamente igual ao que eu tenho por ela.

A amiga “B” (a Danone) é, além de uma gigantesca amiga, uma professora de vida (já falei disso antes aqui). Apesar de conhecê-la há relativamente pouco tempo, compartilhamos de valores muito semelhantes. Entretanto, ela tem bem mais idade que eu e, conseqüentemente, mais experiências de vida (positivas e negativas); ela é mãe, sustenta a sua família e tem responsabilidades que eu ainda não compreendo. Sinto que ela me dá um valor que eu não possuo totalmente e, talvez por isso e por nossas sutis diferenças, eu não consigo retribuir totalmente toda a importância que ela merece, apesar de amá-la profundamente. É um caso onde eu ofereço menos do que recebo.

O amigo “C” é um grande amigo que eu conheci recentemente, na faculdade. Já nos conhecemos com nossas personalidades totalmente formadas, tivemos criações completamente diferentes, temos grande divergência de opiniões, nascemos e crescemos sob culturas totalmente distantes. Vale mencionar que ele é um garotão heterossexual típico. E apesar de tantas diferenças, sinto um carinho por ele que ultrapassa os limites da amizade e beira a quase-paternidade, apesar de ser mais novo que ele. Sinto uma forte necessidade de manter contato constante, de ajudá-lo sempre que possível, de tentar entender e questionar positivamente suas opiniões, de sempre estar presente na vida dele. Por outro lado, pela divergência absurda de opiniões, a forma de ele demonstrar amizade seja diferente demais da minha. Sinto que, em graus de importância, eu o valorizo muito mais do que sou valorizado. É um caso onde eu ofereço mais do que recebo.

O amigo “D” (o Laisse-Faire, também mencionado aqui) é um amigo que eu conheci durante a minha adolescência e é 3 anos mais velho que eu. Durante muitos anos, nossa amizade foi quase inexistente e bastante ausente, com encontros esporádicos. Há alguns anos, começamos a aumentar drasticamente o nosso contato. Considero-o um sujeito excêntrico (até demais) e bastante paciente, características das quais não compartilho. Somos bastante diferentes, apesar de termos sim algumas coisas em comum. Aqui existe um caso de oscilação de equilíbrio da amizade. Por oras (e sem motivos especiais) ele se torna importante pra mim e eu o procuro. Da mesma forma, por oras eu me torno importante (sem motivos especiais) pra ele e sou procurado. Em outros momentos, somos “esquecidos” temporariamente um pelo outro e a vida continua. Sinto que nossos níveis de importância, sentimentos, respeito, etc, são quase similares, mas com margens de oscilação de uns 25% para mais ou para menos, em ambos os lados.

E é claro, existem pessoas ingratas sim, aproveitadores que se beneficiam da má fé e generosidade alheia (em todos os sentidos) sem pensar em retribuir nada em troca. Também existem os casos de “complexo de Sol”, onde o indivíduo acredita ter um valor maior do que realmente tem, um super ego que menospreza o que lhe é oferecido porque acredita sempre merecer mais. Existem também os casos acidentais, de má comunicação, onde a sutileza das demonstrações de afeto, sentimento e importância é tão grande que tudo passa despercebido. E existem também os casos que, de tão exagerados e efusivos (quase sempre falsos), são simplesmente desconsiderados, mesmo que sejam verdadeiros.

Essa observação sobre o desequilíbrio entre as duas partes da balança sentimental e social é interessante porque nos faz refletir algo presente na vida de muitas pessoas: a IDEALIZAÇÃO. É muito comum criar expectativas exageradas sobre pessoas que, muitas vezes, não podem ou não querem concretizá-las. E isso pode acontecer por trás de cada caso de amor platônico, de decepção nas amizades, de assincronia sentimental entres casais. E pra evitar tais situações, é fundamental criar estratégias para não se machucar e ser realista e sincero o suficiente com os outros, para não machucá-los. Na pior das hipóteses ou em casos de dúvida, evite grandes sentimentos: quanto menor o vôo, menor a queda, basicamente.

Reflitam... e ouçam uma música que tem tudo a ver com o assunto!