22 de janeiro de 2009

O FIM DA MINHA (NÃO) VIDA VIRTUAL


A (não) vida virtual que me refiro é a dos MMORPG, sigla em inglês para “Jogo de Interpretação de Personagem Online e em Massa para Múltiplos jogadores”. Coisa de nerd como eu mesmo. Nesses jogos você constrói um personagem específico, aplica alguma customização (como cor dos olhos e cabelos, porte físico, sexo e em alguns casos raças), escolhe uma especialização quase sempre medieval (mago, cavaleiro, sacerdote, caçador, etc) e é largado num mundo on-line com mapas gigantescos pré-definidos. A diferença de outros jogos similares é que além de interagir com personagens artificiais, você também joga com outros jogadores. Uma verdadeira sociedade virtual para os alienados da sociedade real.

Em épocas passadas (que eu prefiro nem lembrar muito por vários motivos-trevas), eu cheguei a conhecer, jogar e até me viciar em um desses jogos, o WOW. WOW é a abreviatura de “World of Warcraft”, um famoso MMORPG (dizem ser o mais jogado deles) de uma das empresas gigantes no mercado de jogos, a Blizzard.

O que me atraiu num jogo desses foi um misto de admiração pela semelhança com os RPGs tradicionais, gráficos legais, boa jogabilidade e, admito, pura solidão (logo mais eu falo sobre isso). O que interessa no momento é que eu comecei a jogar o tal WOW. Mas entenda: jogar um MMORPG é coisa pra pessoas MUITO nerds e dotadas de considerável paciência.

Pra que qualquer um consiga entender o quanto isso é verdade, os personagens no WOW podem evoluir para um máximo de 70 níveis (na época em que eu jogava, hoje em dia é 80). Evoluir um mísero nível equivale a perder entre 25 minutos a 2 horas do seu dia, já que quanto maior o nível, mais difícil e demorado é. E não é algo tão divertido, a tarefa inclui matar monstrinhos, animais, feras psicodélicas, humanóides e criaturas mitológicas... e fazer missões, algumas bem idiotas como “mate 10 leões a norte daqui”, sendo que só podem ser AQUELES LEÕES e você não precisa levar nada como prova, afinal você não mente, nem que quisesse. Sério. É objetivo de todos terem os famigerados 70 níveis, mas o teste da paciência não acaba aqui. Seu personagem não será poderoso se não possuir os melhores equipamentos, como armas, armaduras e acessórios, tudo mágico, claro. E não pense que é fácil conseguir toda essa tralha. São no mínimo 15 itens pra equipar o personagem da cabeça aos pés. Você perde no mínimo 4 dias pra conseguir um ou dois itens, no máximo.

Tá, mas porquê o Syn ta falando isso tudo sobre um jogo? Longe de mim vir aqui fazer um discurso moralista de que jogos (ou MMORPGs) fazem mal ou que eles manipulam sua mente, nada do tipo. Detesto esse tipo de afirmação que só subestima a personalidade de cada um de nós. Mas se você quer ocupar espaço vago, esquecer de alguém ou alguma coisa ou simplesmente se isolar, o aviso está dado: não caia nesse mundo. Principalmente se você realmente não está bem. Os MMORPG são jogos que absorvem você. Eles exigem de você sucesso, poder, arrogância, exibicionismo. Exigem o máximo, e isso requer tempo, e no caso do WOW original, dinheiro (um bimestre por 60 reais). São jogos bons, empolgantes e até divertidos por manterem amigos virtuais e distraírem um pouco. O problema é que, justamente pelo excesso de tempo que ele devora da sua vida, a tendência é não conseguir sair nem dos seus problemas e nem do jogo. Fracasso completo.

A minha (não) vida virtual acabou em outubro de 2008, sem muitos esforços, sem muitos entraves. E eu tive ajuda de um amigo virtual pra isso. Uma simples frase dele foi suficiente:

"Vida social é uma coisa completamente diferente de se encontrar com amigos virtuais e bem mais eficiente na cura de frustrações. Agora fecha o WOW e se manda daqui!"

Em tempo: este texto foi direcionado pra pessoas que buscam nos MMORPGs qualquer tipo de refúgio, válvula de escape, e afins. Se você gosta de WOW (ou outro MMORPG), se sente bem e não teve grandes complicações ao jogá-lo, este post deve ser ignorado.

Obrigado.


2 comentários:

Αιακοσ Επυαλιοσ disse...

Você colocou um assunto muito interessante. também já fui viciado em MMORPG. Já joguei vários. Acabei me cansando de brincar de "upar" e procurar equips, quando por mais forte que eu ficasse, nunca conseguiria ser forte o bastante para vencer. E é lógico, há aquestão do imenso tempo perdido inutilmente. Absolutamente jogado fora. Hoje a minha terapia é escrever no blog. Funciona melhor, como uma catarse, além de ganhar compreensão e poder oferecê-laa outras pessoas.
Respondendo a sua pergunta, aquele texto é um exemplo de um dos meus estilos literários. Ele funciona como mero instrumento de conversão. O objetivo é transformar o abstrato (sentimentos) em concreto (palavras), para depois o leitor realizar automaticamente o processo inverso. Desta forma, é possível sentir exatamente o que eu estava sentindo. Não é um texto informativo, é um texto para ser sentido.

Até mais.

∆٭♥∞

César Schuler disse...

eu nunca joguei WOW, mas esse deve ser o único MMORPG que eu não joguei, foram vários, começando pelo maldito Tibia.

dos 12 aos 15 anos, foi a fase mais obscura da minha (não)vida. eu cheguei aos 17 anos sem nunca ter beijado uma menina. era o cara 'estranho' do colégio. aff

já upei esse level.
"You advanced in sociability!"

muito boa e esclarecedora essa sua postagem, parabéns!