23 de janeiro de 2009

VINTE E POUCOS ANOS


Hoje eu olhei uma garota muito bonita, chamava mesmo atenção. Ela estava no calçadão da avenida durante minha corrida matinal (é eu peguei o hábito desde a última vez) e se alongava pra começar a corrida. Não conheço tanto o estereótipo de mulher perfeita na visão da maioria, mas ela tinha uma beleza muito natural e talvez por isso especial.

Descrição: ela é loira e tem pele muito branca, cabelos lisos bem compridos e amarrados num rabo-de-cavalo (que eu acho o máximo), olhos castanhos muito claros, não é alta nem baixa, deve ter no máximo uns 1,70 cm (eu tenho uns 1,68 cm, acho), não é exagerada e nem desprovida em nada, nem em seios, nem em coxas, bunda, etc. Tudo sob medida (mesmo) pra mim significa nada de “Boing Boing” nem “Melancias”. Ela estava muito simples, vestia top e leg azul com uma camiseta branca por cima. Usava um tênis também branco e tinha um mp3 preso na cintura. Parecia completamente distraída de tudo e de todos. E me chamou atenção inicialmente por essa beleza simples e nada artificial, além da expressão de tranqüilidade. Mas eu percebi tarde demais: eu já a conhecia.

Conhecia de quando eu morava em uma cidadezinha do interior do Maranhão (Pinheiro), ela era praticamente minha vizinha. Lembro também da primeira vez que a vi na minha escola, eu fazia a 6ª série e ela devia estar entrando na escola pela primeira vez pra fazer a 1ª série e se eu não me engano ela se chama Samanta. Não me chamou atenção naquele dia, afinal era só uma menininha qualquer com dentões enormes na frente (e por outros motivos mais). No momento em que eu a observei mais de perto eu confirmei, era ela mesma, 10 anos mais velha e paradoxalmente jovem e madura.

Entrei em choque. O choque nem foi ter reencontrado uma conterrânea após tanto tempo, mas sim o de reconhecer o quanto ela se desenvolveu fisicamente. Se antes ela era uma fedelhinha, ali na minha frente estava uma verdadeira mulher. E eu fiquei abismado com o triste fato: eu sou velho. Em plenos 21 anos de idade eu me senti um senhor. E saí logo dali, antes que ela me reconhecesse ou que perguntasse:

– “Tiooo que horas são, por favor?”

Saí dali o quanto antes, correndo sem nem me alongar (o que é um grave erro, não faça isso, Palavra de quase-fisioterapeuta!) e torcendo pra que ela realmente não tivesse me reconhecido. Depois de alguns minutos correndo eu ri sozinho da minha mente boba, eu podia ter cumprimentado a garota e pelo menos ter dito o quanto ela tinha ficado bonita. E logo eu parei de rir e comecei a pensar seriamente nesses tais 21 anos que já passaram. No quanto eu realmente aproveitei esse tempo, nas coisas importantes que eu construí, nas tantas coisas que eu fiz questão de destruir, nas pessoas que conheci, no conhecimento que eu formei e principalmente na minha evolução. E cheguei à conclusão que eu gostei de ter envelhecido um pouquinho, que valeu a pena.

E mais: se inventarem a máquina do tempo, deixem-na bem longe de mim ou a primeira coisa que eu farei é voltar pro passado e espancar aquele pirralho mimado e babaca que eu era. E quem sabe dizer pra Samanta que ela não precisa ficar deprimida com os dentões grandes, ela vai ficar linda mesmo.

P.S.: este segundo post no mesmo dia (23/01/2009) é pra cumprir a promessa de ontem, desculpem o atraso.

Um comentário:

Cris Medeiros disse...

A beleza mais interessante é essa normal, despojada, sem tantos artifícios. Gostei do poste do jeito como escreve!

Obrigada por sua visita em meu blog! Fiquei feliz em saber que gostou de lá!

Beijocas