“Eu não sou molequeDia bem comum hoje. Acordei, fiz a tal corrida matinal (hábito recente), baixei uns CDs legais (o último do Foo Fighters e o luau da Pitty na MTV). Digitei horrores de páginas pra monografia e finalizei a tarde com gostinho de dever cumprido. Foi um dia de pensamentos brandos, diferente das sinapses desgovernadas de sempre, um dia distraído. E eu tava adorando essa calmaria, até que um telefonema ativa o gatilho do caos mental... era da comissão de formatura que, entre outras coisas, marcava uma reunião pra assinar os contratos com um Buffet qualquer.
Ainda não tenho casa iaiá
Oh meu Deus!
Se um dia eu tiver
Visto minhas asas...”
(Asas – Maskavo)
Imediatamente a minha mente inquieta começou a me lembrar: já estamos no fim de janeiro, você se forma exatamente em junho. A vida de pós-adolescente estudante sem tantos problemas está na reta final, com pouco mais de 5 meses de duração. Logo logo as responsabilidades mudam completamente de proporção, deixando de ser uma prova, trabalho ou projeto pra estudar/entregar para se tornar na busca de um emprego no mínimo razoável, pra cobrir meus gastos e talvez suprir meus objetivos, como começar uma pós-graduação ou um curso de especialização. Confesso que tremi de um frio “interno” e tive aquela sensação ruim de nervosismo.
E que grande ironia é esta nossa vida. Na infância, quando não temos praticamente NENHUMA obrigação, desejamos ser adultos pra termos mais direitos (como os nossos pais têm). Na adolescência, não queremos ser reconhecidos como crianças, mas também não queremos ter a imagem de adultos-chatos, queremos somente independência. E quando finalmente chega a fase adulta, onde os direitos já existem (e com eles vêm os deveres), onde você é lembrado diariamente que não é mais nem criança e nem adolescente e quando ocorre a oportunidade para a tão sonhada emancipação, o medo de fracassar parece arrancar toda a satisfação que esse momento deveria trazer. Sim, o MEDO. Medo de tudo dar errado, de não encontrar um emprego, de ver sua formação e graduação possivelmente terem sido uma mera perda de tempo. Medo de perder as asas.
Eu passei o dia todo calado pela tranqüilidade, e ia terminar o dia calado por preocupação. Mas minha mãe chegou do serviço, me viu no meu canto e logo tratou de me tirar dos meus pensamentos. Frase que eu detesto: “Vamos fazer o supermercado?”. Mas eu dificilmente digo não pra essa proposta, até porque quando eu não vou, as compras do meu interesse misteriosamente são esquecidas, por isso acabei indo. E acreditem: acompanhar mamãe nas compras é um exercício INTENSO de paciência.
– “Será que eu compro o requeijão diet ou o normal?”
– “Essa semana é melhor carne branca ou vermelha?”
– “Levo o pão brioche ou o pão negro?”
– “Meu filho, pra reduzir o colesterol é melhor leite semi-desnatado e com fibras (LEITE COM FIBRAS??? ISSO EXISTE???) ou o desnatado puro?”
– “Olha, eu acho que esse xampu é mais adequado com a não-sei-o-que do meu cabelo do que aquele que eu uso, mas será que eu continuo com o outro ou mudo pra esse?”
Já estou psicologicamente preparado para o próximo convite ao supermercado. Vou rasgar a listinha de compras no meio, dar metade pra ela e dizer:
– “Pronto, pega essa parte, compra tudo e me encontra daqui a 15 minutos na fila do caixa.”
Enfim. O relevante da ida no supermercado é que eu comecei a desencanar da preocupação do meu futuro. Ao ver louças, panelas, talheres, etc eu percebi que logo chegará a época em que eu precisarei comprar tudo isso pra minha casa, e pela primeira vez eu vou escolher formatos, cores e marcas que eu quiser, ao invés de só aceitar o que sempre escolheram por mim. E pensei na minha casa, na verdade apartamento (sempre preferi apartamento), onde vou poder decidir coisas como a cor das paredes e até ignorar a minha bagunça (muito organizada por sinal) sem me preocupar com alguém reclamando dela (pelo menos por um tempo). Comecei a me imaginar que em breve não teria mais supermercado com a mamãezinha do lado. E esses pensamentos me deram uma força muito grande pra perder aquele medo chato de fracassar, além de mais coragem e otimismo pra lutar pelo meu futuro. Um futuro que está cada vez mais próximo. E eu tive um pouco de saudade, uma nostalgia dessa fase anterior da minha vida, que está prestes a acabar.
Concluindo: é fato que a realidade não está tão favorável para a minha independência, principalmente com as dificuldades de se arranjar um emprego condizente com minha futura formação. Mas eu acredito nos meus potenciais e também na minha sorte. E também acredito numa força maior, em alguém (que muitos chamam de “Deus”) repleto de bons pensamentos, boas energias e muito amor que diariamente olha por mim e por todos... e espero que tudo dê certo e culmine em bons resultados pra que eu “vista as minhas asas” nessa nova fase que chega na minha vida.
E enquanto ela não chega, preciso adiantar a monografia, estudar muito (principalmente Traumatologia, Ventilação Mecânica Invasiva e Terapia Intensiva), preparar a minha formatura e aproveitar o meu último semestre na faculdade. Por favor, me desejem sorte!!!
P.S.: Abaixo está o clipe da música “Asas” do Maskavo. Nem gosto tanto da banda e nem do clipe, mas como eu adoro a música e acho a garota (que aparece semi-nua, olha só rapazes!) muito parecida com uma grande amiga minha, vou colocar assim mesmo.
28 de janeiro de 2009
ASAS
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3 comentários:
Oi querido! Eu passei por todas essas fases suas, inclusive a do supermercado, que até hoje odeio fazer, com a diferença de que agora entro correndo compro tudo em 20 minutos e me livro rapidinho... rs
Quanto a infância, vc sabe que nunca quis ser adulta, nunca, adorava minha vida de criança, e foi um choque quando cheguei a adolescência. Custei a me acostumar e acho que até hoje não aceitei direito o fato de ter que viver essa vida chata de adulto... eheheh
Quanto a morar sozinho, faça isso assim que puder. Quando saí da casa da minha mãe, no terceiro dia estava me sentindo livre, leve e solta. É muito bom poder fazer tudo na hora que quer, ou simplesmente não fazer... rs... Foi uma das melhores decisões da minha vida...
Vc tem msn? email?
Beijocas
Agora que vi que tem seu email no blog... rs
Beijocas
Amigo essa fase da vida é complicada e as incertezas do futuro sempre enchem a nossa cabeça de duvidas. Tenha calma e lembre-se que só você é capaz de traçar o seu destino!!!
PS.: Conte comigo p que der e vier!!! Bjos!!!
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