Vida em família é complicada. Um fato tão comum e tão freqüente entre a maioria das pessoas que eu conheço que pra mim virou constatação e não só opinião. Eu defendo a teoria de que a sua família se enquadra em um dos seguintes grupos:
A- Sua família é presente. Aliás, presente até demais, beirando o limite da inconveniência, intromissão e impertinência (os meus famosos III). A convivência gera atritos freqüentes.
B- Sua família é ausente. Ou você se ausenta dela. Ou ainda, vocês simulam a participação familiar e mantêm-se de uma forma ou de outra numa situação superficial (e não menos ausente), que pode até evitar atritos, mas não é saudável.
C- Sua família é ideal. Vocês mantêm um contato saudável, confidente, não invasivo e são felizes. Para os outros, claro. Porque isso não passa de utopia e hipocrisia na minha humilde opinião (e que bom que você não é obrigado a concordar com ela).
Entenda, eu me refiro à família como todos os integrantes que partilham até pelo menos ¼ do seu DNA (ou dos seus pais, se você for adotado). Isso inclui pais, avós, irmãos, sobrinhos, tios e primos. Aí sim, você pode começar a concordar comigo e logo ver qual dos grupos é o que mais parece com o seu caso.
O Syn não ta revoltado não. Ele só cansou, desistiu da “sagrada” instituição familiar. Se isso pode parecer negativismo, eu já encaro de outra forma. Não consigo pensar que devo amar meu irmão (por exemplo) só porque dentro do núcleo de cada uma das células dele existe uma estrutura que pode parecer muito com a minha (chamam-se cromossomos, que agrupam nosso DNA). Eu acredito no amor, mas no amor que vem de atitudes, do afeto, do diálogo, das demonstrações diárias de importância e valor que temos um pro outro, etc. Ou até no amor instintivo (que eu também acredito) que os familiares podem mesmo sentir, sobretudo de pais sobre filhos, aquele amor que acontece sem explicação, sem motivo. Um amor nem sempre saudável, diga-se de passagem.
Agora não me peça pra acreditar que aquele primo, que você não vê há 5 anos, que nem sabe seu nome completo, que nunca se importou com suas opiniões e sentimentos, enfim, que durante a vida toda não te deu a mínima tenha algum grau de conexão com você. No máximo uma simpatia ou uma boa lembrança. Não me peça pra acreditar em “amor inato familiar”.
Em 2008, em pleno natal, época de confraternização, paz, amor e... tá, vamos falar a minha língua: época de ataques publicitários para maior arrecadamento e falsidade entre mamíferos familiares. Sim, falsidade, hipocrisia, pseudo-interesse. É verdade, ou você realmente acha que a maioria daqueles parentes sacrificaria o mínimo de suas rotinas por você? Mas eu dizia: no natal, vieram muitos parentes pra minha cidade, boa parte da família (muito grande por sinal, minha mãe tem 12 irmãos e meu pai tem 5) ia passar a data junta. Muitos deles eu até gosto e mantenho um bom vínculo social, já a maioria...
Minha mãe veio logo forçar a minha participação no encontro,já que tenho a fama de ser anti-social em eventos familiares, e eu preferia não ir, mas acabei indo sobre pressão. Resultado: 5 minutos após minha chegada ao local da ceia a criatura da minha tia (uma criatura vazia e falsa) fala:
– “Meu amoooooor, há quanto tempo!!! Como você está? (efusiva mode [ON] forever)”
Nem tive tempo de pensar numa resposta adequada. Ela saiu naturalmente e talvez nem se tivesse pensado poderia ter sido melhor:
– “Se eu fosse ‘seu amor’ e tivesse um mínimo de importância você saberia como eu estou. E não precisa fingir interesse, eu não tenho nada de útil pra te fornecer. Com licença (sorriso sarcástico mode [ON]).”
A cara dela depois da frase acima foi patética. A da minha mãe foi assustadora (mas eu ja tô acostumado). A minha foi de indiferença às expressões delas e dos que ouviram. E de qualquer um também. Fodam-se as opiniões de quem caga e anda pra minha vida e não paga as minha contas (inclusive a opinião de mamãe, que por sinal PAGA as minhas contas). Eu não vou criar uma “máscara” com uma personalidade alegre, simpática, expansiva e falsa só pra agradar gente que não faz a menor falta na minha vida. Nem pela "paz e bem-estar" na família. Isso é desperdício de sinapses e deveria ser considerado crime.
Concluindo: depois que eu adquiri maturidade mental e evolui para o estado de independência de opiniões essa talvez tenha sido a coisa mais gratificante que eu já fiz, principalmente quando as conseqüências disso provocam o caos. Experimente um dia você também. Se tiver “colhões”, claro.
23 de janeiro de 2009
FAMÍLIA
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2 comentários:
A minha família se encaixa no primeiro tipo. Eu também fico revoltado de vez enquando. Mas a única saída para isso é conseguir a emancipação mesmo. Obviamente que não vamos abandonar aqueles que nos são caros. Mas a independência certamente trará uma imensa melhoria.
∆٭♥∞
Familia é sempre complicada!!! Eu adoro a minha, mas é pq não convivo com ela diariamente a 10 anos (oh coisa boa)!!! Mas o segredo é ter paciência e saber ceder as vezes!!! Abraço!!!
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